Algumas vezes me pego pensando, triste e controlada ou descontrolada e revoltada: Meu Deus, que mundo é esse!? As pessoas se mostram tão difíceis! Algumas são muito possessivas, outras mal intencionadas, agressivas, falsas, mentirosas; outras ainda, caluniam, são maldosas, manipuladoras... Elas decepcionam, irritam, nos mantém inseguros nas relações... Ai, que mundo! Parece-me, então, injusto que eu tenha caído por aqui! Mas, na verdade, é o meu mundo, mundo do qual eu faço parte por algum bom motivo que um Poder Superior em Amor e Sabedoria assim determinou!
Quando me prendo a todos esses aspectos negativos das pessoas e dos fatos, fico, é claro, com uma visão também muito negativa da vida. E se permaneço com o foco fora de mim, nesse mundo que vejo tão torto e errado, torno-me cada vez mais negativa e reativa. Quando me sinto ameaçada ou atingida pelo mundo exterior, reajo a ele em pensamentos, sentimentos e comportamentos de defesa e revide. Mas, toda reação é uma forma de prisão. Quando reajo não estou com as “rédeas de mim”, não estou livremente escolhendo como pensar, sentir ou agir. Se conseguir nessa hora não tomar atitudes, se conseguir esperar a “onda” do descontrole passar para poder “ouvir” a voz cheia de sabedoria de minha Consciência Interior, ela irá me sugerir que “traga o foco para mim”. Só assim poderei reassumir a direção de mim mesma na busca da liberdade.
Trazer o foco para mim é poder “ver” como estou reagindo às circunstâncias e às pessoas em minhas relações; é tomar conhecimento, tomar pulso de mim mesma e isso é o que interessa, porque só posso modificar a mim! É de mim que devo cuidar! Essa é uma responsabilidade só minha! Preciso, realmente, entender que, se me decepciono, se me magôo e fico ressentida é porque ainda jogo expectativas nos outros, na vida... e sou a única responsável por essas expectativas que eu mesma criei! Se me irrito e me sinto tomada pela raiva, é porque estou com dificuldade de aceitar fatos contrários ao meu desejo, pessoas diferentes de mim ou de como desejei que fossem ou porque deixei que invadissem meu espaço, meu tempo, minha vida. Assim, não vivo como gostaria, nem tampouco deixo que vivam e assumam suas próprias responsabilidades!
Trazer o foco para mim é deixar baixar a poeira emocional que me turva a visão, respeitando aquele momento “errado”, reativo, descontrolado, para poder estar realmente comigo: é escolher deixar de me envolver em jogos de poder, verdadeiros “cabos de guerra”, e desistir de querer vencer, ter razão, ter “última palavra” nas discussões, nas relações; é escolher não ser um “normótico”, competitivo, num mundo “normalmente” tão torto e agressivo.
Trazer o foco para mim é aprender a perdoar-me por não ser, ainda, quem gostaria de ser e então, acolhida e aceita, poder perdoar aos outros por eles serem, ainda, quem são. É ter a possibilidade de acessar meu poder interior e encontrar coragem para modificar o que posso em mim: minha assertividade nas minhas relações. É poder descobrir que tenho voz e decidir usá-la por lealdade a mim e honestidade com os outros.
Trazer o foco para mim é poder perceber o quanto estou permitindo trazer o passado, com seu peso de raivas, mágoas, culpas, vergonhas... para o agora, fazendo-o tão presente e ainda atuante em minha vida.
Trazer o foco para mim é me permitir um constante, delicado e atento contacto comigo mesma, com minha humanidade, com minhas dores e meus dons, com minhas prisões e minhas possibilidades de libertação interior. E então descubro um paradoxo: quanto mais trago o foco de minha atenção dessa forma amorosa, para mim, melhor consigo entender, aceitar e me relacionar com os outros!
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