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domingo, 29 de abril de 2012

PELO MENOS ISSO !



            Já ouviu isso? Ou, quem sabe, foi você quem disse isso?
Essa é uma das formas mais antigas e sutis de manipulação. Quando a ouvimos, sentimo-nos imediatamente culpados, devedores, egoístas, malvados... E não importa o muito que já tenhamos feito!

            Se estivermos desatentos, embarcaremos na manipulação, em família ou fora dela, dessa lamúria raivosa. No afã de sermos amados, aceitos e valorizados, ficamos frágeis e susceptíveis de sermos vitimados por nossos manipuladores de qualquer idade, em quaisquer relações.

“Por favor...”, “Eu estou pedindo...”, “Pelo menos isso...” São exclamações que parecem humildes, sofridas, tristes, mas que mascaram manipulação, tentativas de fazer prevalecer vontades, necessidades. São tentativas de controle. Aprendemos desde a mais tenra infância a usar esses mecanismos de controle dentro das relações e vamos aperfeiçoando-os pela vida afora, utilizando a insegurança, a necessidade de agradar, o medo de  perder, daqueles para quem somos (ou que nos são ) tão importantes, para controlar, para obtermos o que queremos.

Precisamos estar atentos a essa forma de “invasão forçada” e tão bem disfarçada. Precisamos estar também atentos para não sermos nós os invasores, os manipuladores. Essa lamúria nos transforma em pedintes inoportunos, cobradores insistentes e faz o outro sentir-se devedor. E esses papéis de cobradores e devedores, mesmo quando disfarçados, matam a
espontaneidade e a alegria de qualquer relação.  Ninguém quer ser cobrado do que não pode dar ou do que não quer dar!

            A desatenção para esse tipo de manipulação só consegue irritar, cansar, magoar... só consegue nos afastar. Manipulações revelam desrespeito e o Respeito e a Verdade são as necessidades básicas para o Amor.

Quero poder dizer não, quando necessário, com gentileza e firmeza.
Quero aceitar com naturalidade o que você pode, ou quer, me oferecer.
Quero saber agradecer... Quero saber respeitar...
É tão bom nos sentirmos livres e confortáveis na relação!

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quarta-feira, 25 de abril de 2012

O BEM E O MAL. O AMOR E O ÓDIO .



            Sou responsável pelo meu mundo interior! Sou responsável pelo que escolho alimentar em mim: o Bem ou o Mal, o Amor ou o Ódio! “Sem essa” de responsabilizar o mundo exterior pelas minhas escolhas!

            Somos centelhas de uma Luz Maior, portadores dessa Luz, mas vivemos ainda muito identificados, aprisionados, pelo materialismo do mundo que nos cerca. Materialismo que se revela nas lutas por prestígio, poder, dinheiro, “amor”... Criamos personalidades adequadas a essas necessidades de competição, para sermos vencedores nas várias áreas de nossas vidas: afetiva, profissional, religiosa, esportiva... Personalidades onde o mal se instala, mesmo quando disfarçado e “justificado” – ficamos agressivos, desonestos, manipuladores, invejosos, personalistas, egoístas... Vamos perdendo-nos de nossa Origem Sagrada, do Bem, para não sermos “perdedores” num mundo do mal, ainda bem torto, maldoso, injusto...

            E então? Nessa realidade, onde estou de passagem, o que escolho ser? Mais um nessa multidão que “baba” raiva, ódio? Mais um que não abre mão de dar o “troco”? Mais um cujo maior prazer é ganhar a “qualquer preço”? Mais um que vive remoendo abusos, injustiças...? Desculpo- me com o Mal à minha volta para escolher o ódio?

 Sou responsável pelo meu mundo interior!  Quanto pior estiver “lá fora”, preciso me resguardar e me nutrir do melhor! Preciso me cuidar com assertividade, calma e firmeza dos ataques de fora, mas, principalmente, de sua influência, do desejo de revidar, de deixar-me enredar e contaminar pelo Mal.

Sou responsável pelo meu mundo interior! Como quero SER e ESTAR? O que me faz feliz? Escolher pensar, sentir e agir com liberdade, generosidade, honestidade, compaixão, assertividade, bom humor... ou permanecer preso por orgulho, teimosia, ódio, insegurança... a lutas, disputas, revides sem fim?

Essa é uma questão minha e de minha responsabilidade! Não adianta acusar o mundo, não posso modificá-lo!  Mas posso ser, sim, alguém que está tentando, sem desistir, não julgar e revidar. Alguém que está escolhendo o Amor, porque é muito mais gostoso! Porque a vida torna-se leve, fofa, gratificante... Porque preciso, cada vez mais, abolir a luta (interior e exterior) e ser coerente com minha origem de Luz!

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sábado, 21 de abril de 2012

LEVEZA


               É bom, às vezes, parar e refletir: Como estou levando a Vida?
Caminho atropelando? Caminho me arrastando? Ou só caminho quando me empurram ou me arrastam, mesmo assim com o “pé no freio” ?
 - Mostro-me séria, sofrida, lamuriosa, “emburrada”, magoada, vitimada... um “peso pesado” acorrentado à vida, remoendo sempre o passado, pesando nas pessoas, tirando a alegria dos ambientes ?
 - Caminho irônica, rascante, ácida, pesada, cortante... distribuindo alfinetadas, “humor negro”, deboches... magoando, machucando, só por “brincadeira” ?
 - Ou fico quase sempre pesando mal-humorada, insatisfeita, “rosnando” baixo... fazendo todos à minha volta se sentirem tensos, ansiosos, sem alegria, algo culpados?
 - Tenho o hábito de reclamar sempre, exigir sempre mais e melhor, de mim, dos outros, da vida, de Deus? Reclamar é Cobrar!!! Serei uma constante e pesada cobradora!!!
 - Manipulo como forma de disfarçar o peso do meu controle?
 - Guardo pesados silêncios, escondendo-me atrás deles, gerando inquietação e insegurança ?
 - Tenho muita raiva, demonstrando ou não, por tudo que fico vendo de “errado” à minha volta? Fico esperando, pesada, impaciente, o troco, a “justiça vingadora de Deus” ?
 - Vivo agoniada, temerosa de um futuro sempre ameaçador? Ou vivo cansada de correr em direção ao “daqui a pouco”?
E tantas mais atitudes que somam mais e mais peso à minha Vida...

            Quero caminhar com leveza!  Para isso, preciso estar atenta (com curiosidade, bom humor e leveza) ao meu caminhar!
 - quero gostar ou desgostar, concordar ou discordar, rir ou chorar, compartilhar, SER e ESTAR, com leveza e gostosura!
 - quero viver o Agora, sorrindo e, às vezes chorando, de passagem, com leveza.
 - quero escolher pensar leve, com generosidade, otimismo, compreensão...
E desse pensar, quero colher sentimentos também generosos, que aqueçam com alegria e ternura o meu interior.
E desse pensar e sentir, quero ser levada a atitudes mais serenas e amorosas, mesmo quando necessariamente assertivas.
 - quero lembrar e relembrar, rapidinho, com leveza, muitas vezes, os momentos felizes e, principalmente, os engraçados, gaiatos, que me fazem de novo sorrir, rir e até mesmo gargalhar.
 - quero descobrir sempre coisas bonitas, atitudes “legais”, o lado gentil das pessoas para poder desfrutar e... elogiar!
 - quero conversar comigo mesma com leveza, paciência, ternura e honestidade, desarmando e amansando meu ego brigão. Quero animá-lo com bom humor, quando estiver desanimado, sério demais ou chorão.

            Quero ser feliz!Quero caminhar com leveza, mesmo (e principalmente) quando o caminho estiver pedregoso. Quero relaxar meu corpo e minha mente para poder sentir a força iluminada e amorosa do meu Espírito.

 Tudo depende de mim! Escolher o melhor para mim e ...exercitar!

 “Preciso tanto me fazer feliz...”

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terça-feira, 17 de abril de 2012

VANGUARDA



“Tropa” renegada, difamada, ridicularizada, censurada pelas sociedades que acabaram por confrontar - sociedades essas, enrijecidas, ciosas do seu poder, com muito medo de vê-lo ameaçado e por isso mesmo fechadas e defensivas. Sempre existiram os que ousaram demonstrar nossa alteridade, nosso direito de exercer nossa diferença através de nosso viver e muitos deles foram imolados aos pés dos muros fortificados dessas sociedades. Uns vieram com armas, denúncias, críticas... Indignados, zangados, irados, apressados – atacavam e defendiam-se, querendo de toda forma derrubar, pela força, as muralhas do Sistema. Outros, os mais queridos, vieram com sua genial sensibilidade, que expressaram através de sua Arte (música, poesia, pintura, escrita...), da sua fala, das atitudes em sua Vida e chegaram para pontuar de uma forma gentil, mas firme, uma desobediência civil, social, um novo modo de Ser e Estar. Eles vieram de mente aberta, o que lhes permitiu acolher, ouvir e respeitar o diferente. Muitos, sem jamais atacar, foram sacrificados, mas mantiveram-se leais às suas novas idéias.

Essa Vanguarda, desassombrada, de tanta sensibilidade, buscou “dizer” ao mundo a importância de nos nutrirmos de Alegria, Beleza, Justiça, Verdade, Amor, Liberdade..., sinalizando a importância de atendermos a essas nossas necessidades mais altas de seres humanos Espirituais. Não brigaram com o Sistema, mas nos ofereceram, demonstraram e viveram, possibilidades diferentes e mais gratificantes. Eles nos atraíam e horrorizavam pelas atitudes libertárias, desafiantes, autênticas...

Muitos não conseguiram a suficiente coragem interior para essa perigosa travessia através do Estabelecido e buscaram forças externas nos químicos. Outros buscaram ali também alívio para a dor da incompreensão, para a angústia de tentar traduzir todo o potencial de seus sentimentos e idéias. Os químicos lhes davam uma perspectiva, equivocada, de super homens, de super, super... mas cada vez de forma mais efêmera, cada vez exigindo mais e mais... E, ironicamente, tragicamente, cantavam a liberdade, cada vez mais aprisionados... Forçaram-se além do que podiam, quebraram-se, imolaram-se - machucados, sofridos, confusos com as críticas e o desprezo daqueles que tanto quiseram alertar, com quem quiseram compartilhar!     Outros ainda, aqueles que conseguiram se manter íntegros, lúcidos, fortalecidos por um verdadeiro sentido de missão, mesmo esses, sofreram o repúdio social, o despeito, o medo e a covardia dos que sonhavam com a liberdade que eles apregoavam, mas não ousavam lutar por ela.

É assim! Sempre foi assim! Toda Vanguarda paga o preço pela ousadia de sua proposta diferente, inovadora, em prol de liberdade para optar por mudanças: nos costumes, no reconhecimento da igualdade de direitos dos sexos, das raças, das culturas ... Toda voz que se levanta pelo diferente, que possa ameaçar de alguma forma o poder do “Estabelecido”, paga seu preço!

Refletindo, sinto-me tocada pela vida dessas pessoas que, através dos tempos, ousaram propor o diferente. Sinto-me tocada pelo desassombro, pela coragem e até pelo “martírio” de muitos deles. Sinto-me agradecida, mas também triste, pelas vezes em que, por não concordar com suas proposições ou por temer aceitá-las (e ter que lutar por elas), eu os critiquei, eu os menosprezei. Não entendia que o que realmente move as pessoas dessa Boa Vanguarda é a proposta da Liberdade. Os verdadeiros arautos da Vanguarda têm força de Atração e não de promoção. Não lutam à caça de adesões! Não lutam contra nada, mas sim a favor da nossa Liberdade de Ser!

Tem sido assim – Vanguarda de peito aberto, generosa, abrindo caminhos, sofrida, agredida, desprezada e depois, disfarçadamente, seguida! Mas podemos mudar, cada um de nós, essa fórmula ingrata e perversa de crescer! Podemos “Manter a Mente Aberta”, “Escutar”, fazer escolhas pessoais e responsáveis, buscar amorosamente “Coragem para Mudar” e, através de nosso próprio caminhar, nos tornarmos um foco de Atenção, um ponto de Atração, fazendo nós mesmos parte dessa Vanguarda generosa, entusiasta, gentil, amorosa... a favor da Liberdade que nos permite crescer em busca da Felicidade.

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sexta-feira, 13 de abril de 2012

A ONDA E O OCEANO



           Não existem duas ondas iguais.  No entanto, elas têm uma origem em comum – o oceano! Elas fazem parte do oceano, mas não sabem! Competem umas com as outras, numa infinda rivalidade, em contínuos entrechoques até se quebrarem nas praias. Qual a mais bonita? Qual a mais poderosa, a mais alta? Não importa quem ganha ou perde, porque todas se acabam, vencidas pelos obstáculos contra os quais se chocam. Nada mais percebem além de seu mundinho fechado de onda contra onda, de ondas querendo absorver ou suplantar outras ondas. Parecem querer ter a força e o poder do Oceano, parecem estar num movimento contínuo à procura do Oceano... Absortas, desatentas, elas não percebem que são irmãs, que são manifestações únicas desse mesmo Oceano! Elas não sabem que fazem parte dele e, como tal, podem acessar e desfrutar de sua força e poder! Basta que alcancem serenidade, se entreguem, se identifiquem com sua base – o Oceano!

            Nós, como as ondas no oceano, nos perdemos, nos desviamos de quem somos, presos ao nosso personalismo, buscando competir, ser superiores, querendo dominar uns aos outros, mas ansiando pela força e amparo de um Poder Maior, o nosso Oceano. Nós, como as ondas, parecemos não saber que fazemos parte, somos centelhas, de uma Luz Maior. Nós, como as ondas, precisamos apenas buscar acessar nossa Origem Espiritual, entender que somos emanações únicas e diferenciadas da mesma Fonte, essa Fonte de Força e Poder não material, do nosso Oceano... E essa é a fonte de nutrição espiritual que pode nos trazer Felicidade, Liberdade...

            Essa busca é um processo de interiorização, de aprofundamento, de descoberta de quem temos sido, de tudo que acumulamos como defesa e que acabou sufocando nossa luz natural. É um processo de “desentulhe” de crenças e “ganhos” acumulados, um processo de libertação de memórias e sentimentos bloqueados, um trabalho amoroso e paciente de libertação da blindagem personalista que nos “protegia”, aprisionava e afastava uns dos outros. “Um dia de cada vez”, com gentileza, bom humor, perseverança e entusiasmo, nesse processo de Despertar Espiritual, poderemos ir mergulhando em direção a quem Somos, ao nosso Oceano de potencialidades e possibilidades, em direção à nossa Origem Sagrada, a esse Manancial Sagrado do qual, afinal, nós fazemos parte!

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segunda-feira, 9 de abril de 2012

PRECONCEITO



            Filho “preconcebido”, amestrado, cuidado, pelo ego teimoso, rígido, fechado. Filho do engano, da ilusão que nos incutiram ou criamos e alimentamos, acreditando que somos melhores: pensamos melhor, somos mais sensíveis, nossa raça é melhor, também nosso sangue, nosso povo, nossa cultura, nossa classe, nossa identidade sexual, nossa família, nossa religião... Nosso Deus é o verdadeiro – e somos os seus preferidos! Todo o resto, é sobra, é menos, é menor, não é confiável, é “esquisito”! Não devemos nos misturar porque podemos perder a nossa “pureza”, a nossa superioridade! E reagimos da mesma forma quando somos vítimas dos preconceitos dos outros e, como vítimas eternas, enrijecidas na mágoa e no ódio, nutrimos e passamos adiante preconceitos sobre nossos vitimadores, numa ciranda de exclusão sem fim...

            Tornamo-nos, sem sentir, prisioneiros desse pensar equivocado e empobrecido, fechados para o mundo à nossa volta. Não somos livres para “ver” e optar. Nossas relações, quaisquer relações, não são espontâneas porque nesse jogo da vida nossas “cartas” já vêm marcadas pelos nossos preconceitos, nossas pré-definições... tudo pré rotulado!

            A rigidez, o engessamento, a falta de liberdade para descobrir, ousar optar, aceitar ou não, reformular... para caminhar, crescer, se libertar, evoluir, são o ônus que pagamos, sem sentir, por nos acomodarmos à “segurança” de sermos meros repetidores das “leis preconcebidas” de nossas famílias, religiões, culturas, etc

            Em nosso processo de libertação interior é importante a atenção aos disfarces que nossa visão preconcebida utiliza para se resguardar dessa realidade. Muitas vezes acreditamos que somos muito bondosos e complacentes com os outros, “coitados”... até os aceitamos como iguais! E somos tão pacientes e conformados que até aceitamos a “provação” de estarmos misturados e igualados, por força da lei.! Toda essa “virtude” apenas disfarça, esconde de nós mesmos, a certeza preconcebida e ainda mantida, de que somos melhores.

            Velado, disfarçado, negado – em nós e por nós – o Preconceito acaba por explodir e se revelar a nós mesmos em momentos de confrontos e crises. E por ter sido tão negado e sufocado, ele então nos assusta e até nos decepcionamos conosco mesmos... Por outro lado, o policiamento ideológico e social, de cima para baixo, de fora para dentro, do “politicamente correto” contra os preconceitos ainda vigentes em nosso interior, reconhecidos ou não, fazem eclodir, muitas vezes, uma reação violenta do nosso ego brigão, ameaçado em suas crenças, tradições e certezas, mesmo as mais “tortas”.

            Não se briga com o ego! Nem com o nosso, nem com qualquer outro.
Só posso mudar a mim! E até para isso, acredito numa atenção amorosa, não policial, que dê respaldo à minha decisão interior de abandonar preconceitos tolos, infantis, injustos, absurdos, obsoletos, que me empobrecem a vida na medida em que me fazem sentir isolada( ou mal acompanhada) como “a melhor” ou “a vítima”...

            Não quero brigar com meu ego! Não quero ficar presa a uma luta sem fim com as suas “razões”. Prefiro ir explicando tudo isso a ele, pacientemente, às vezes de novo, de novo e de novo... Assim, Um dia de cada vez, acredito que irei descobrindo alguns velhos preconceitos, libertando-me deles, podendo estar mais livre para estabelecer uma nova forma de estar em relação: mais sadia, verdadeira, de iguais. Relações onde eu possa desfrutar, com os outros, da humanidade que nos iguala.

Nossos preconceitos fazem parte do nosso ego. Foram ensinados e fixados em nossa personalidade através do tempo. Mais do que quebrados extirpados, amputados... podemos transformá-los, à luz dos princípios espirituais que buscamos para nossas vidas, em conceitos mais lúcidos, verdadeiros, justos, igualitários, amorosos... conceitos que enriqueçam e alegrem nossas vidas!

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quinta-feira, 5 de abril de 2012

COMPAIXÃO II



             Somos humanos, ainda tão primariamente humanos! Faz parte de nosso atual tamanho ser invadidos pelos sentimentos que nosso ego possessivo, competitivo, às vezes até seletivamente generoso, faz eclodir em nós. Facilmente nos revoltamos, indignamos, invejamos, apaixonamos, odiamos, amamos os “nossos” amores... Mas, em alguns momentos mágicos e especiais, somos tomados por um sentimento diferente, intenso, maior que nós – a Compaixão – uma centelha de um Amor Maior, de um Amor Incondicional. Nesses instantes somos inundados pela energia suave, mas absolutamente poderosa, de um amor gratuito, um amor que não pede motivos, um amor que não decorre de vínculos pessoais ou especiais, nem mesmo de uma natural identificação humana. É apenas um sentir-se unido amorosamente com Algo, com Alguém, com um Outro, pertencentes, como nós, a um Todo Maior. É um amor que nos leva além de nossa humanidade, é um acolhimento na Alma.

            Somos todos (e tudo) criaturas (e criações) com uma mesma Origem. Talvez por isso, somos ocasionalmente tomados pelo sentimento que nos irmana, que nos remete a essa Origem única. Ao sermos confrontados com agressões que ferem a natureza em geral, natureza perfeita e generosa que nos é oferecida e nos acolhe nessa nossa breve passagem, nos deixamos (ainda eventualmente) tocar pela Compaixão. Também nos tocamos com as agressões que causam dor a animais, tão vulneráveis e sofridos num mundo tão duro, comandado pelo Homem, ainda tão arrogante e “superior”. Mais raramente ainda, ficamos compadecidos com a desorientação, rudeza e insensibilidade dos próprios agressores. Compadecemo-nos pelas crianças e jovens, ainda ingênuos e sonhadores, e pelos que, ainda tão crianças e jovens, de tão sofridos, já não sonham mais... E por todos nós que, tentando “dar conta” da melhor maneira possível a cada um, nesse “salve-se quem puder e como puder”, levamos muitas vezes dor e desespero uns aos outros e por conta disso teremos, certamente, novos aprendizados adiante...

            A Compaixão é um sentimento tão amoroso e especial que antecede e se sobrepõe à julgamentos, à indignação, à qualquer ação condenatória ou de reparação. Ela apenas é – é um sentimento maior, melhor, intenso, suave, doce, algo triste e doído pelas dores e loucuras do mundo... Um sentimento que, como milagre, emerge de nossa dimensão essencial, de nossa dimensão espiritual, talvez lembrando-nos de nossa Origem. Como ainda somos tão regidos pelo racional, pelo ego brigão, os nossos momentos de verdadeira Compaixão ainda são raros, fugazes, logo sobrepujados por razões, culpas, desculpas, exigências de ações para o bem ou para o mal, de resgate, revide ou punição. E o momento mágico, divino, da Compaixão passa, deixando escapar-nos a doçura maravilhosa desse sentir espiritual. Resta-nos a graça de termos vivenciado, ou ao menos vislumbrado, o que é o Amor Incondicional – o Amor de Deus!

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domingo, 1 de abril de 2012

HUMILDADE II



            Como descobri-la, senti-la, desfrutar da doçura e serenidade que ela nos traz? Como transformar meu orgulho e seu porta voz, a minha arrogância, em Humildade?

            Assaltada pelo meu passado, percorrendo-o com um olhar mais verdadeiro, me vejo confrontada com meus tantos erros e choro com as suas dolorosas conseqüências para mim e, principalmente, para as pessoas que amo. Tudo isso me leva à culpa, à vergonha, à humilhação de, orgulhosa, perfeccionista e arrogante, ter falhado. Sem perceber, entro nessa ciranda de luta e não conformação por ter sido menos do que acreditava ser, do que deveria ser. Se permaneço presa a essa visão de mim e dos meus erros, torno-me prisioneira também da culpa e vergonha e refém do remorso. É um processo perverso de auto punição que meu orgulho cruel exige de mim. Sofro mais e mais e, sem piedade, acho que ainda é menos e menos... Como sair dessa prisão dura, áspera, cortante, perversa, interminável?

            Descobri que só passando pela aceitação do que fui, ou sou. Preciso sempre lembrar que “aceitar não é gostar!”. É apenas deixar de brigar pela ilusão e fantasia, deixar de brigar com a realidade de quem fui (ou sou) ou com a realidade de quem não consegui ser. Aceitar, para ir buscando substituir a culpa, que me condena cruelmente a um penar sem fim, pela paz que me fortalece para mudar. Aceitar-me é o fim da luta e possibilita que eu possa acolher com compaixão a mim mesma, essa pessoa frágil e medrosa, acovardada, e por isso mesmo egoísta, defensiva, que falhou em tantos momentos e tanto machucou. É preciso estar sempre refazendo esse entender interior, porque o ego cruel e teimoso, aproveitando a Dor dos momentos de recordação, volta a me incomodar, punir, cobrar!

            A partir dessa aceitação, outras “faces do amor” podem então se manifestar em mim (para comigo mesma e com os outros): generosidade, compaixão, compreensão, verdade, perdão... Começo a desfrutar a gostosura serena da Humildade. A Humildade que nasce da aceitação do que fui ou sou e me leva à aceitação das dificuldades dos outros. Posso deixar o papel duro e arrogante de polícia, juiz e carrasco de mim e do mundo. É tão bom! Tira tanto peso, humilhação e azedume à minha vida!
Não tira a Dor porque ela faz parte do processo que me levou para além do ego; a dor que me entregou aos cuidados de minha Luz Interior e me fez descobrir a Humildade para poder seguir em frente. A Humildade que me possibilita o aprendizado, as mudanças para ser mais livre, para ser melhor, para amar melhor, para que todos os erros e dores do passado não tenham sido em vão!

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