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segunda-feira, 9 de abril de 2012

PRECONCEITO



            Filho “preconcebido”, amestrado, cuidado, pelo ego teimoso, rígido, fechado. Filho do engano, da ilusão que nos incutiram ou criamos e alimentamos, acreditando que somos melhores: pensamos melhor, somos mais sensíveis, nossa raça é melhor, também nosso sangue, nosso povo, nossa cultura, nossa classe, nossa identidade sexual, nossa família, nossa religião... Nosso Deus é o verdadeiro – e somos os seus preferidos! Todo o resto, é sobra, é menos, é menor, não é confiável, é “esquisito”! Não devemos nos misturar porque podemos perder a nossa “pureza”, a nossa superioridade! E reagimos da mesma forma quando somos vítimas dos preconceitos dos outros e, como vítimas eternas, enrijecidas na mágoa e no ódio, nutrimos e passamos adiante preconceitos sobre nossos vitimadores, numa ciranda de exclusão sem fim...

            Tornamo-nos, sem sentir, prisioneiros desse pensar equivocado e empobrecido, fechados para o mundo à nossa volta. Não somos livres para “ver” e optar. Nossas relações, quaisquer relações, não são espontâneas porque nesse jogo da vida nossas “cartas” já vêm marcadas pelos nossos preconceitos, nossas pré-definições... tudo pré rotulado!

            A rigidez, o engessamento, a falta de liberdade para descobrir, ousar optar, aceitar ou não, reformular... para caminhar, crescer, se libertar, evoluir, são o ônus que pagamos, sem sentir, por nos acomodarmos à “segurança” de sermos meros repetidores das “leis preconcebidas” de nossas famílias, religiões, culturas, etc

            Em nosso processo de libertação interior é importante a atenção aos disfarces que nossa visão preconcebida utiliza para se resguardar dessa realidade. Muitas vezes acreditamos que somos muito bondosos e complacentes com os outros, “coitados”... até os aceitamos como iguais! E somos tão pacientes e conformados que até aceitamos a “provação” de estarmos misturados e igualados, por força da lei.! Toda essa “virtude” apenas disfarça, esconde de nós mesmos, a certeza preconcebida e ainda mantida, de que somos melhores.

            Velado, disfarçado, negado – em nós e por nós – o Preconceito acaba por explodir e se revelar a nós mesmos em momentos de confrontos e crises. E por ter sido tão negado e sufocado, ele então nos assusta e até nos decepcionamos conosco mesmos... Por outro lado, o policiamento ideológico e social, de cima para baixo, de fora para dentro, do “politicamente correto” contra os preconceitos ainda vigentes em nosso interior, reconhecidos ou não, fazem eclodir, muitas vezes, uma reação violenta do nosso ego brigão, ameaçado em suas crenças, tradições e certezas, mesmo as mais “tortas”.

            Não se briga com o ego! Nem com o nosso, nem com qualquer outro.
Só posso mudar a mim! E até para isso, acredito numa atenção amorosa, não policial, que dê respaldo à minha decisão interior de abandonar preconceitos tolos, infantis, injustos, absurdos, obsoletos, que me empobrecem a vida na medida em que me fazem sentir isolada( ou mal acompanhada) como “a melhor” ou “a vítima”...

            Não quero brigar com meu ego! Não quero ficar presa a uma luta sem fim com as suas “razões”. Prefiro ir explicando tudo isso a ele, pacientemente, às vezes de novo, de novo e de novo... Assim, Um dia de cada vez, acredito que irei descobrindo alguns velhos preconceitos, libertando-me deles, podendo estar mais livre para estabelecer uma nova forma de estar em relação: mais sadia, verdadeira, de iguais. Relações onde eu possa desfrutar, com os outros, da humanidade que nos iguala.

Nossos preconceitos fazem parte do nosso ego. Foram ensinados e fixados em nossa personalidade através do tempo. Mais do que quebrados extirpados, amputados... podemos transformá-los, à luz dos princípios espirituais que buscamos para nossas vidas, em conceitos mais lúcidos, verdadeiros, justos, igualitários, amorosos... conceitos que enriqueçam e alegrem nossas vidas!

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