Pesquisar este blog

quinta-feira, 5 de abril de 2012

COMPAIXÃO II



             Somos humanos, ainda tão primariamente humanos! Faz parte de nosso atual tamanho ser invadidos pelos sentimentos que nosso ego possessivo, competitivo, às vezes até seletivamente generoso, faz eclodir em nós. Facilmente nos revoltamos, indignamos, invejamos, apaixonamos, odiamos, amamos os “nossos” amores... Mas, em alguns momentos mágicos e especiais, somos tomados por um sentimento diferente, intenso, maior que nós – a Compaixão – uma centelha de um Amor Maior, de um Amor Incondicional. Nesses instantes somos inundados pela energia suave, mas absolutamente poderosa, de um amor gratuito, um amor que não pede motivos, um amor que não decorre de vínculos pessoais ou especiais, nem mesmo de uma natural identificação humana. É apenas um sentir-se unido amorosamente com Algo, com Alguém, com um Outro, pertencentes, como nós, a um Todo Maior. É um amor que nos leva além de nossa humanidade, é um acolhimento na Alma.

            Somos todos (e tudo) criaturas (e criações) com uma mesma Origem. Talvez por isso, somos ocasionalmente tomados pelo sentimento que nos irmana, que nos remete a essa Origem única. Ao sermos confrontados com agressões que ferem a natureza em geral, natureza perfeita e generosa que nos é oferecida e nos acolhe nessa nossa breve passagem, nos deixamos (ainda eventualmente) tocar pela Compaixão. Também nos tocamos com as agressões que causam dor a animais, tão vulneráveis e sofridos num mundo tão duro, comandado pelo Homem, ainda tão arrogante e “superior”. Mais raramente ainda, ficamos compadecidos com a desorientação, rudeza e insensibilidade dos próprios agressores. Compadecemo-nos pelas crianças e jovens, ainda ingênuos e sonhadores, e pelos que, ainda tão crianças e jovens, de tão sofridos, já não sonham mais... E por todos nós que, tentando “dar conta” da melhor maneira possível a cada um, nesse “salve-se quem puder e como puder”, levamos muitas vezes dor e desespero uns aos outros e por conta disso teremos, certamente, novos aprendizados adiante...

            A Compaixão é um sentimento tão amoroso e especial que antecede e se sobrepõe à julgamentos, à indignação, à qualquer ação condenatória ou de reparação. Ela apenas é – é um sentimento maior, melhor, intenso, suave, doce, algo triste e doído pelas dores e loucuras do mundo... Um sentimento que, como milagre, emerge de nossa dimensão essencial, de nossa dimensão espiritual, talvez lembrando-nos de nossa Origem. Como ainda somos tão regidos pelo racional, pelo ego brigão, os nossos momentos de verdadeira Compaixão ainda são raros, fugazes, logo sobrepujados por razões, culpas, desculpas, exigências de ações para o bem ou para o mal, de resgate, revide ou punição. E o momento mágico, divino, da Compaixão passa, deixando escapar-nos a doçura maravilhosa desse sentir espiritual. Resta-nos a graça de termos vivenciado, ou ao menos vislumbrado, o que é o Amor Incondicional – o Amor de Deus!

Comentários / Contato : mariatude@gmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Se preferir, envie também e-mail para mariatude@gmail.com

Obrigada por sua participação.