É um estado alterado de consciência! Nosso raciocínio
deforma-se, sucumbe ante a força de nossas fantasias. Em conseqüência, nossas
emoções exacerbam-se num verdadeiro frenesi e nossas atitudes revelam
desorientação, exagero, desequilíbrio, perda de controle...
Estamos
apaixonados – “perdemos a cabeça”, a capacidade de pensar com um mínimo de
lógica e lucidez. Não conseguimos “ver” o que todos vêem (tem...que é cego!),
não conseguimos analisar fatos, discursos, relações.
Tudo pode
nos arrastar a paixões desenfreadas( sem o freio do bom senso): pessoas,
animais, religiões, política, esportes... Na verdade, perdemos a capacidade de
separar o imenso desejo, a fantasia, daquilo que se revela real e possível. Essa
fantasia “enlouquece” quando encontramos os “objetos” que se enquadram em
nossas carências afetivas. Canalizamos para eles toda nossa paixão, todas as
nossas necessidades, que, na verdade, são de Valorização e Amor. Eles parecem
mitigar a “fome” de sermos os melhores, os mais amados, os mais abnegados...
Tudo na paixão é exagerado: a
entrega, a doação, o apego, a posse, caracterizados todos pelo descontrole,
pela perda da capacidade de analisar, pela perda do poder de escolher.
Sentimo-nos propriedade e, ao mesmo tempo, também donos, possuidores, dos
objetos de nossas paixões. Tornamo-nos prisioneiros e carcereiros em relações
que pareciam ser de amor!
Só as pequenas e grandes dores das
des/ilusões poderão libertar-nos das
correntes e farpas cintilantes, purpurinas, das paixões. Elas poderão ir
podando exageros, nos “amaciando”, arredondando, amadurecendo nossa capacidade
de aceitar as pessoas, os fatos, os projetos, do jeito que realmente são(e não do jeito que fantasiamos ser).
Acredito ser preciso des/apaixonar-se, libertarmo-nos, para
poder enxergar a realidade de uma causa ou de uma pessoa e, então, aprender a Amá-la.