-“ Você mudou! ”
- “ Você está tão mudado! ”
Ouvimos muitas vezes esse
queixume, essa acusação, de nossas pessoas mais próximas. E ficamos confusos,
culpados, sentindo-nos traidores do nosso passado, do nosso mundo estabelecido,
mesmo quando “mal estabelecido”.
Em nossas relações, desde o
começo, ficam estabelecidas regras não escritas, não faladas, mas presentes,
atuantes, gerindo tudo. Iniciamos nossos relacionamentos através de nossas
máscaras, nossas melhores máscaras, adequadas às situações. Elas diziam aos
outros quem nós queríamos ser para eles, para recebermos amor e valor. Sedentos
de carinho e aprovação, sufocamos sob essas máscaras, defeitos, sonhos,
desejos, opiniões, sentimentos... negamos muito de nós mesmos. Esperávamos muito,
também, em troca. Não sabíamos que nada que viesse de fora, do mundo, dos
outros, poderia nos nutrir ou compensar pelo tanto de nós mesmos que estávamos
abrindo mão. Com o tempo, esse mundo de “faz de conta” já não era suficiente
para dar voz, verdade, significado, propósito... às nossas vidas.
Entendendo isso, sufocados, começamos
a mudar! Não poderia modificar os Outros, mas quando Eu Mudo, mudam minhas
relações! Os Outros ficam confusos, inseguros, se magoam, se ressentem... Eles
não entendem a nossa mudança, sentem-se traídos, entendem como desamor. É um
momento muito delicado em nossas relações! Serão novas regras, novos limites
individuais, um novo caminhar respeitando passadas diferentes. Ansiosos, também
inseguros, nos questionamos: Para onde caminhamos? Para um desencontro às
claras, afinal? Ou para um Encontro mais verdadeiro, pelo menos de minha parte?
Preciso encarar a possibilidade
de não ser aceita, de ser rejeitada, preciso de coragem para estar sem a
proteção das máscaras a que me acostumei, preciso de assertividade para não me
deixar manipular e capitular ante o medo do desamor, ante o hábito do velho
modo de me relacionar. Preciso de força, coragem e entusiasmo para viver esta
outra história que me faz sentir inteira, verdadeira, responsável por mim
mesma. Preciso ser leal a mim mesma. Preciso ser paciente, compreensiva,
generosa, mas assertiva, com as pessoas da minha vida. Preciso acreditar que
vale a pena, que a “Verdade nos Libertará”!
O que posso fazer em direção a
esse novo encontro com as pessoas
que amo? Na verdade, estou me descobrindo, me olhando, me escutando e preciso
comunicar com coragem, honestamente, aos outros, o meu momento, minhas
verdades, minhas necessidades, meus desejos. Não sei se me entenderão! Não sei
se irão aceitar e amar quem sou, aquela que agora revelo! Mas isto é uma outra
história e não tenho poder sobre ela! Apenas sei que serei mais livre e serei
mais respeitada – por mim e por todos!
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