Situações corriqueiras acabam por se
transformar em poderosos desafios e nos remetem a possibilidades terríveis, detonando
e exacerbando ainda mais nossos medos, nos flagelando com ansiedades,
angústias... E se... E se...
A mente está solta, disparada, fora de controle,
dominando-nos... “E se o gás tiver ficado aberto?” – “E se eu me contaminar?” –
“E se isso me trouxer azar?” – E se... E se... Obrigamo-nos a estar sempre
vigilantes e nos tornamos aprisionados, acuados. Desenvolvemos um novo imenso
medo – o medo de ter medo, de sofrer com o medo!
Nosso corpo, muitas vezes, não
suporta essa pressão interna e contínua: adoece e/ou responde com tiques
nervosos... Procuramos ajuda médica, somos rotulados em nossas angústias e
quimicamente medicados, anestesiados. Procuramos ajuda psicológica que nos
ajuda a identificar a origem de nossos medos. Tentando fugir dessa agonia
contínua, que tanto nos maltrata, vamos estabelecendo estratégias que nos
protejam, que nos dêem conforto, que nos livrem de confrontos, que evitem as
situações “de risco” – criamos Manias! Manias variadas, às vezes bizarras aos
olhos dos outros. Manias que não nos permitem mais viver com espontaneidade! “Só
podemos... ou jamais podemos...”
Se nos contentarmos em viver
nessas “zonas de conforto” propiciadas pelos medicamentos, pela racionalização
de nossos medos, pela manutenção de nossas manias, estaremos, na verdade,
abrindo mão de nossa liberdade individual, da possibilidade de interagir
espontaneamente com tudo e todos à nossa volta, de relaxar, de desfrutar nossos
momentos. Quanto mais sofisticado o aparato de nossas defesas, maior nosso
isolamento, menor nossa possibilidade de, com leveza, nos aproximarmos, de
rirmos, chorarmos, trocarmos, de amarmos e nos sentirmos amados.
Nossos medos, obsessivos ou não,
estão ligados, sempre, às experiências passadas e ao imaginário de
possibilidades futuras. A solução para eles está no presente, no agora, no real – aí onde reside nosso poder, nossa
verdadeira possibilidade de respostas aos desafios do viver. Na mesma medida
que sou impotente para lidar com o desconhecido imaginado, sou forte, criativa
e flexível para lidar com situações reais.
Cabe a mim, Um dia de cada vez, Um instante de
cada vez, fazer a minha parte, o meu “dever
de casa” - estar atenta às tentativas insistentes de fuga e desvio da minha
mente e gentilmente, mas com perseverança,
paciência e firmeza, ir retomando o timão de minha “nave”, reconduzindo e
redirecionando os pensamentos persistentes, mesmo os mais teimosos, para o
Agora, transformando preocupação em alguma ocupação. Quando aprendo e me disponho
a cuidar de mim com muito amor e generosidade, estou na verdade acessando minha
Luz Interior e sintonizando com aquela Luz Maior que me dá a certeza que “tudo
posso naquele que me fortalece”
“Tudo vale a pena, se a alma não
é pequena!” E a nossa, pertence à nossa Dimensão Sagrada!