Como nos maltrata! A impaciência dos outros, a nossa
impaciência...
Como maltrata qualquer tipo de relação – das mais fortuitas
e impessoais às mais significativas e mais queridas. Ela se caracteriza pela não aceitação das circunstâncias, das
pessoas, do mundo... Ela decorre da frustração e se faz acompanhar de uma
irritação, a princípio surda, que revelamos através de pequenos gestos bruscos,
palavras mastigadas, “praguejadas”, em tom baixo, mas intenso. Uma irritação
que tentamos segurar, mas que revelamos no corpo tenso, dentes trincados, na
garganta fechada. Essa irritação cresce para a raiva que, se seguramos, ela nos
queima e consome e, se extravasamos, ela sai com ímpeto alcançando todos à
nossa volta e até a nós mesmos.
Sob o poder dessas emoções, nos
bloqueamos para a beleza e a gostosura que a vida possa estar nos oferecendo. Eu
me sinto, às vezes, refém dessas emoções. Quero sair delas e tenho dificuldade porque
me “pego” remoendo minha impaciência com o mundo e o culpo por meu estado interior!
Preciso entender como funciona minha mente e os sentimentos/atitudes que ela
detona em mim.
O que quero para mim? Continuar a
me sentir vítima do Mundo, dos “chatos”, dos “folgados”, dos invasivos, dos
“ingratos”, dos que pensam diferente de mim, dos que são ou estão “errados”, e
não assumir minha responsabilidade pelo meu espaço, sem ser clara e firme ao
estabelecer meus limites nas relações?
Quero continuar a pensar, com fantasia e infantilidade, que tudo e
todos, a vida, as circunstâncias, deveriam ser conforme meu desejo e minhas
expectativas?
Preciso ser coerente com o que
quero para mim! Se quero estar bem, preciso Cuidar de mim, cuidar do meu mundo
interior – meus pensamentos e sentimentos. Preciso, também, aprender a
cuidar do meu espaço exterior – eu
nas minhas relações. Preciso acreditar e aceitar que não posso modificar as
pessoas. Preciso lembrar-me disso, a todo momento, e redirecionar meus
pensamentos recorrentes. E preciso, a todo instante, exercitar uma atitude
clara e gentil, firme e assertiva, para resguardar meu espaço nas relações. Só assim poderei sustar esse processo que me
arrebata e maltrata: frustração, impaciência, irritação, raiva...
“Rogo a Deus
coragem e perseverança para eu me
mudar!”
Como é difícil ! Mas vale a pena !
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