Qual será nossa maior dificuldade: a de ouvirmos (realmente)
ou a de “dizermos”, (honestamente)? As duas fazem parte do ato de nos
comunicarmos – e temos tanta dificuldade com ambas! Precisamos tão
desesperadamente nos comunicar, sermos entendidos, entendermos uns aos outros.
Somos seres de grupos e através da comunicação honesta/aberta é que podemos nos
aproximar, acolher, trocar, ensinar/aprender... Mas, podemos também nos calar e
assim nos afastar, nos isolar...
Nós nos
comunicamos dizendo do nosso amor, do nosso desamor, do que queremos, do que
não queremos, do que sonhamos, do que sentimos, do que pensamos...dizendo de nós mesmo, de onde estamos,
de como estamos. E fugimos do verdadeiro encontro através da comunicação
pervertida pelas mentiras (“boas” ou más), e mais dolorosamente – pelos silêncios,
pelos não ditos!
Os não ditos são as nossas verdades, os sentimentos/pensamentos, que
negamos ao Outro, que traímos a nós mesmos não lhes dando voz e às vezes sequer
os reconhecendo. Nós os calamos, mas não os aquietamos. Eles não se acomodam e
ficam dentro de nós como gritos de amordaçados, que incomodam, que atormentam.
O que calamos por covardia, por “generosidade” ou por desânimo/desistência está
sempre nos sufocando, nos ameaçando, nos envergonhando... “Se fosse resolver, iria te dizer da minha
agonia...”
Os não ditos envenenam as relações,
lançando uma névoa escura entre nós, fazendo nós nos perdermos de vista. Nesse
silêncio medroso e perverso nós nos sentimos como viajantes sem rumo, sem chão,
sem teto – totalmente à deriva! Onde está o outro? O que deseja? Será que o
magoei? Quando? Como? Onde? Será... Quem é o outro, afinal?
Os não ditos nos levam assim a grandes desvios e a nos perdermos na
busca do Encontro, que tanto ansiamos. E nos levam ao cansaço, ao desânimo na
relação... Acabamos por desistir um do outro e nos isolamos...
O que, às vezes, ainda permanece entre nós são as trivialidades,
as superficialidades, algumas/muitas farpas ressentidas ou um grande
silêncio...
“Como as pedras que choram sozinhas nos mesmo lugar...”
Em qualquer
relação não posso obrigar o Outro a
se revelar, a dizer de si mesmo para nos aproximarmos. O que posso
é acolher meus sentimentos e dar-lhes voz com honestidade. Posso ser um referencial diferente na relação, ser assertiva, abandonando
o medo, os segredos, as manipulações, o silêncio.
Posso preferir os
Ditos, até eventualmente os mal
ditos (agressivos), mas jamais os não ditos!
Posso ser
verdadeira e assim trazer luz para favorecer um possível e tão desejado
Encontro!