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sábado, 24 de agosto de 2013

TORCIDAS


             Todos “torcemos” pelas nossas escolhas, pela satisfação dos nossos desejos. Na verdade, deveríamos apenas desejar, sem trazer aos nossos desejos o peso de nossas expectativas. Mas, enfim, ainda torcemos! Resta uma reflexão sobre como torcemos! Eu torço a favor ou torço contra?

            Quando “torço contra” – no esporte, na política, na religião, em família, em quaisquer relações...- essa torcida traz o peso da luta, da raiva, do despeito, da inveja, da intolerância, do preconceito, da competição, da necessidade de ser melhor e ver o outro como pior, do desamor... Somos movidos pela “revolta justificada” do que é contrário aos nossos desejos, ao nosso modo de pensar, contra as nossas preferências, até mesmo quando entendemos que é “contra o mal”.  Torcer contra nos faz sentir o gosto azedo da irritação, o “sabor gelado/amargo” da revanche, a “glória pobre” de ver os outros, os “adversários”, serem menos, serem piores, serem perdedores, serem os sem razão... Torcer contra nos faz sentir diferentes/melhores, distanciados e partidos em nossa humanidade.

            A “torcida a favor” tem a energia boa da caminhada a favor de algo  que acreditamos que é bom e/ou do bem, que é a favor do que amamos, desejamos ou escolhemos. Essa torcida é movida pela alegre possibilidade de conseguirmos realizar nossos desejos e podermos desfrutar de gratidão pelo seu sucesso. “Torcer a favor” nos faz sentir leves, generosos, parceiros, solidários...

            O que desejo, afinal? A luta, a derrota do “mal” que vejo no Outro ou a possibilidade da alegria em nossa caminhada?  “Torço para o meu “time” ganhar, ou torço para o seu tropeçar?”
Parece a mesma coisa, mas não é!!! Podemos preferir torcer para o nosso “time” ganhar, mas nos negarmos a “torcer” para o outro tropeçar! Podemos ficar, assim, apenas no “lucro” da alegria boa, prá cima, da torcida a favor, nos resguardando do fel de ser contra, da energia pesada de estar vibrando contra alguma coisa ou alguém, e ainda sentindo a gostosura de sermos generosos com a tristeza dos outros ou simplesmente ignorarmos os revezes!