Nossa participação em qualquer grupo humano está ligada ao
nosso sentimento de pertença, de pertencimento. Participando, sentimos que
fazemos parte daquele grupo (Família, Escola, Igreja, Trabalho...). E é também
participando que aprendemos, crescemos e florescemos. É compartilhando,
trocando, que vamos descobrimos quem somos e o que podemos.
Mas como
fomos ensinados a participar para podermos pertencer? Bem cedo fomos entendendo
que precisávamos disputar para termos um “bom” lugar nos grupos, quaisquer
grupos. Precisávamos ser bons, os melhores, para contarmos com a admiração, a
valorização, o prestígio, e assim não corrermos tanto o risco de perdermos
valor, valores e amores. Aprendemos a participar de uma forma distorcida, nos
comparando, tentando sempre muito mais parecer do que ser, o que acaba nos
distanciando afetivamente uns dos outros, enquanto nos enredamos nessas artes
de defesa/ataque, nesses jogos de prestígio e poder.
Nesse
modelo egóico de pertencer, disputado e equivocado, fomos buscando participar
da forma que nossas características pessoais nos impelem.
- podemos nos omitir,
nos esconder, porque somos preguiçosos, letárgicos, ou porque temos medo de nos
arriscar, de tomar atitudes, de sermos responsabilizados. Cedemos espaço, mas se
algo der errado, a culpa é dos outros, “não temos nada com isso”. Não nos doamos,
nada acrescentamos!
- podemos ser os
submissos, os sobrecarregados, os obedientes, que também não se responsabilizam
porque só cumprem ordens. Preferem sempre concordar para serem aceitos e
queridos. Não criam e também não acrescentam!
- podemos ser os
eternos críticos, meio “de fora” para melhor apontar os erros dos outros.
Tornamo-nos ácidos, amargos, negativos, destrutivos, em nome de proteger o
grupo. Não somos amados, mas nos consolamos em ser temidos.
- podemos nos ver
como “líderes” condutores, quando somos, na verdade, controladores, arrogantes
donos do saber e da verdade. Orgulhosos, não ouvimos os que “nada têm a nos
acrescentar”! Queremos fazer tudo no nosso jeito ou tudo/todos controlar,
tirando aos outros a capacidade de colaborar e do grupo crescer. Somos movidos
pela constante necessidade e ambição de prestígio e poder.
- podemos ser os
agressivos, os grosseiros, os ríspidos, os frios, os distantes, os fechados,
que não dão afeto, que a todos afastam e, tristes/amargos, se sentem excluídos
e abandonados...
Podemos desempenhar tantos outros
papéis nesse modelo aguerrido!
Mas, nenhum deles nos gratifica, nenhum deles nos aproxima uns
dos outros, nenhum deles nos traz conforto e alegria ao convívio. Eles não nos
fazem melhores e mais felizes! Como mudar? Não quero simplesmente me afastar e
abrir mão das pessoas e oportunidades que passam pela minha vida, em Família e em outros grupos. Quero
participar de uma forma prazerosa, que nos acrescente, que nos faça florescer!
Cabe somente a mim escolher um novo modo de estar, de participar. Talvez os
outros não se interessem em modificar sua participação, mas só posso mudar a
mim!
- posso aprender a
ouvir, inteira, disponível, com coração e mente abertos.
- posso exercitar a
coragem para me revelar, para me colocar, para colaborar, com doação, sem
cobrança ou expectativa de gratidão.
- posso descobrir a
importância do sorriso, da delicadeza, da gentileza para chegar ao outro,
valorizando-o com meu respeito, demonstrando a necessidade de Igualdade e
Simplicidade em qualquer relação.
- posso descobrir a
Humildade com as minhas falhas e ao compreender as dificuldades do outro ao
“calçar os seus sapatos”.
- posso ser uma voz
de boa vontade e entusiasmo, uma voz mais firme e serena, querendo apenas
participar para cooperar.
Essa é a Participação que, acredito, se torna a “chave da harmonia” em nossas relações.