O tempo passa... tudo se transforma...
Nossas fantasias perdem as cores da magia, a gostosura e o
brilho das crenças irreais...
Nossos bonecos/as, nossos heróis, já não nos respondem! Ou
nós é que não queremos, ou conseguimos, falar com eles...
Nosso corpo já não nos obedece... Meu corpo já não acompanha
meus desejos, meus projetos... Cedo fica cansado, reclama, “emperra”, me
desestimula!
Passei
“batida” pela vida, olhando para fora (os outros, o mundo), desatenta de muita
coisa que acontecia em mim. No entanto, em alguns momentos, tudo se clarifica,
“cai a ficha”! E como dói!
É uma dor “doída”, triste, meio assombrada, um pouco amarga,
cheia de nostalgia... Uma dor algo infantil em minha mágoa com o tempo, com a
“injustiça” dessa vida, que não pára, que não retarda esse caminhar. Logo agora,
que acho que sei um pouco mais, eu posso tão menos!
Mas, quanto
menos posso, preciso descobrir mais o que ainda posso e como posso! Preciso
descobrir novas frentes para o meu poder!
- posso estar atenta
e aproveitar as oportunidades do cotidiano real, “ver” as belezas e cores
escondidas, disfarçadas em aparentes banalidades.
- posso agora
descobrir heróis em pessoas de verdade, sofridas, valentes, ainda sorridentes,
caminhando como podem, frente a seus desafios. E elas estão passando pela minha
vida! Quando me dedico a parar para vê-las e ouvi-las... elas me respondem
sempre! E não deixarão se esgotar o meu desejo de conhecê-las melhor, incríveis
e interessantes que são, em qualquer fase da vida em que estejam.
- posso “ouvir” e cuidar, com carinho e respeito, desse meu
corpo que há tanto tempo me serve e acompanha.
- posso continuar a sonhar,
adaptando meus desejos e projetos às minhas atuais possibilidades, em minha
atual realidade.
- posso curtir a vida
sem mágicas ou delírios, com intensidade serena, numa sintonia mais fina, mais
delicada e profunda...
Posso
tanto!... É tolice chorar pelo que já não posso!