“Não chore nas despedidas! Elas são necessárias para que
possamos nos encontrar outra vez! R.Bac Mas nós choramos, porque algumas são “sem volta” (pelo menos
por aqui). Outras, são o desfecho de dolorosos processos que culminam em crises
e afinal – despedidas! Essas nos machucam, embora ainda guardemos, escondidas,
a esperança da Volta.
Casais, amantes, pais/filhos...
relações onde nos perdemos uns dos outros pelo caminho: Onde foi? Como foi? Nós
nos amávamos tanto! Mas o medo de perder aquele que era o “objeto” do meu amor tudo complicou! E as tentativas de controlar o
que me “pertencia”, que me era tão querido? Tateando, brigando, mentindo...
Inseguros, cada vez mais amedrontados, horrorizados, fomos vendo a distância
aumentando, nos separando, até uma crise maior, até a despedida! Agora, só a
dor da separação, do vínculo partido...
No vazio, na saudade com a falta de quem
amamos, refazemos mentalmente, obsessivamente, o caminho percorrido durante a
tentativa fracassada de salvar, guardar, resguardar, o “objeto” de amor. “Eu
podia, eu queria, eu devia”... mudar o outro para salvá-lo e ao nosso amor,
assim acreditava. Fracassei! Fui incompetente em meus papéis?
Em meio a essa dor maior,
confusos, nos vemos divididos por uma sensação de alívio desconcertante e cheia
de culpa! A distância que tanto machuca, permite também dar “um tempo” na
agonia do impasse na relação. E ainda nos sentimos invadidos pela esperança e
pelo desejo de uma volta, de um recomeço! E esse desejo se distorce e se transforma
em expectativa, em ansiedade, em medo: Será? Como será? E se...?
“E quando vem a volta...” vemos
reacender em nós a possibilidade de dias melhores, da volta dos “bons tempos”,
mas também o medo de novamente tudo falhar. Na alegria medrosa do reencontro, fazemos
concessões exageradas, promessas de mudanças... Desejos de agradar, que
infelizmente vão se esvaindo na desatenção do dia a dia, na volta do controle, na
volta das manipulações/cobranças, na volta à mesma “velha família”, à mesma
“velha relação”, aos mesmos velhos hábitos, às mesmas crenças em como
desempenhar nossos papéis. E tudo isso sob a pressão insuportável de nossas
expectativas! Amar é sofrer?! Assim, é!
Hoje, vejo com ternura, tristeza
e compaixão, a alegria ansiosa e inocente das pessoas sofridas e amorosas que
se lançam com paixão e coragem ao resgate de suas relações afetivas apostando
na volta, mas infelizmente num jogo onde as cartas continuam marcadas, onde
elas não têm chance de sucesso. As crises voltarão, se repetirão, até a
despedida final, já então sem desejo ou esperança de volta ou se conformarão
com uma relação pouco afetiva onde já desistiram um do outro e ali, amargurados,
desacreditados do amor, se deixam ficar – encalhados.
“Insanidade é fazermos as mesmas
coisas e esperarmos resultados diferentes”. Passamos pela vida tantas vezes
nessa dolorosa insanidade, até percebermos que só modificando a nós mesmos na relação poderemos obter resultados
que nos satisfaçam! Só entendendo que as pessoas não são objetos e não nos pertencem,
por mais que as amemos. Só entendendo que elas são o que são e não o que
queríamos que fossem! Só entendendo que estamos todos de passagem uns pelos
outros e o que cabe a mim é respeitar o
caminhar do outro e garantir o respeito ao meu caminhar!
Voltar ao convívio de quem amo é
uma escolha minha! É minha responsabilidade cuidar de mim nessa volta, cuidar
para que essa relação seja, no mínimo, honesta da minha parte e confortável
para mim, que eu sinta que vale a pena, para que eu não vá cobrar do outro as
minhas expectativas frustradas!
Não quero voltar buscando um passado que não deu certo!
Quero voltar para aprender a amar com alegria, parceria,
liberdade, verdade, respeito...! Voltar, assim, “é certo para os que se
amam...”
Amar, assim, não é sofrer! Amar, assim, é muito bom!