Somos seres distraídos de nós mesmos! Estamos de passagem
num Mundo que nos mantém distraídos, talvez para não nos perder. Esse Mundo
cuidou de nós, investiu em nós suas verdades, idéias, técnicas, regras... e
acredita que, se somos parte dele, devemos
ser conduzidos e condicionados por ele para pensar, sentir e agir. Enfim, ele
dita o que podemos/devemos e o que não podemos/não devemos... ser e/ou fazer.
Tentando
manter nosso interesse e atenção, o Mundo nos acena com promessas de prazeres físicos/materiais
- sabores, cheiros, cores, valores/dinheiro,
viagens, sexo, esportes... Promessas de outros prazeres - de homens e mulheres
de sucesso, vencedores, de preferência jovens, bonitos, ricos, fortes,
eternos...
O Mundo
também nos distrai criando necessidades estéticas, necessidades de novidades
tecnológicas... Ele nos envolve em confrontos/disputas de opiniões, em esportes,
política, trabalho... em jogos de poder, jogos de guerra – pessoais ou entre
nações.
Somos ainda
distraídos e manipulados pela mídia (jornais, filmes, novelas, TV, internet,
etc), pela quantidade cada vez maior( e desencontrada) de informações de todo
tipo, pelos jogos e por relações virtuais, pelas “revelações e promessas religiosas
de salvação” cada vez mais abundantes e
disputadas...
E o Mundo
nos mantém ligados a ele, com “ameaças/promessas” de perder ou ganhar
segurança, amor e aprovação! Ele me diz como devo ser para ser aceito, amado,
aprovado e valorizado!
Mas,
afinal, o Mundo nos distrai de que/ De quem?
De nós mesmos! De mim, de minha Consciência, de um chamado
maior/melhor dessa minha dimensão interior que pode me dizer quem realmente
Sou, o que realmente penso, sinto, posso... Que tem o poder de me fazer feliz! O
Mundo me distrai e não me deixa ouvir o que me chama, impede a escuta desse
chamado, dessa con/vocação primeira, primordial, principal – Cuidar do Ser que
sou!
Na verdade,
como é difícil estar comigo em meio a tanta distração, em meio a tantas
“obrigações mundanas”!
Como me ouvir/olhar para me descobrir, me conhecer, poder me
aceitar, me respeitar, me responsabilizar pelo meu caminhar, pelo meu
florescer, pelo meu libertar?
Preciso
estar atento para inverter esse movimento que me leva e me aprisiona lá fora,
nas distrações de fora. Preciso lembrar que o Mundo, aparentemente tão concreto
e real, é Maia, é ilusão. Ele é o
que passa, o que um dia morre e acaba, ele é tudo que vou deixar para trás. Preciso
trazer-Me para Mim! Preciso de vontade, de boa vontade, paciência, ternura,
entusiasmo, perseverança... para iniciar e dar continuidade a esse cuidar
amoroso que cria intimidade comigo mesma, que me faz confiante em mim, nas
minhas possibilidades de tornar-me feliz.
Nasci para
Ser. Nasci para, cada vez mais, libertar e enriquecer o Ser que Sou! Para oferecer ao Mundo tudo que Sou,
tudo que posso Ser a cada momento, em vez de copiá-lo, contestá-lo ou
cobrá-lo...
O poder está em mim! Só não posso é me deixar distrair!