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sexta-feira, 18 de outubro de 2013

O INESPERADO


            As surpresas, o inesperado, chegam junto com o instante, a qualquer instante de nossa vida. Nós tememos as surpresas, boas ou más, na medida em que nos roubam o conhecido, o estabelecido, aquilo a que estamos acostumados.
Preferimos antegozar as lindas fantasias ou até mesmo “sofrermos com segurança” e nos preocuparmos com possíveis problemas do que enfrentarmos o inesperado. Na verdade, sentimo-nos tão ameaçados pelo novo que preferimos nos preparar, até mesmo para o pior. Preferimos preparar nossas defesas para o doloroso ou estarmos melhor preparados para usufruir as boas novas.

            O Inesperado chega sacudindo-nos, tirando nosso “chão”, desequilibrando-nos. Funciona como um tratamento de choque, obrigando-nos ao movimento. Apresenta-se com variadas faces, obrigando-nos a despertar de várias formas, a nos reorganizar ou às nossas relações.
 São chegadas e partidas inesperadas, desejadas ou não...
 - são perdas físicas/materiais, afetivas...  são violências, decepções, abandonos, doenças, morte...
 - são fatos/informações novas, imprevistos, derrubando nossas “certezas”...
 - são até os ganhos, nos assustando com prazer, mas assustando...
           
            Diante do Inesperado somos chamados a tomar decisões, modificar atitudes, antes adiadas... Somos despertados para novas sensações, novas emoções, novos sentimentos... Nossas velhas crenças/certezas são confrontadas e algumas modificadas...
Levamos algum tempo para sair do assombro, deixar de negar e poder assimilar os fatos inesperados. Tentamos nos agarrar ao passado conhecido e “cômodo”. Perdemos a confiança no “processo natural” a que estávamos acostumados, à ordem esperada por nós. Ficamos, durante um variado espaço de tempo, inseguros, medrosos, vigilantes, à espreita, esperando, talvez, poder desarmar o inesperado, as surpresas dolorosas, para que não nos machuquem ou assustem tanto.

            O Inesperado é a carta nova no velho jogo da vida. Ele renova o jogo e a nós, os jogadores. Ele nos obriga a rever posições, estratégias... Ele nos acorda, requer maior disposição, mais alerta, mais alento...  E se os “coringas” nos trazem prazer, as “cartas ruins” nos exigem empenho e criatividade para avançarmos.