O peso de nossas falhas se faz sentir dolorosamente em
nossos corações, quando finalmente conseguimos enxergá-las.
A princípio, na luta por nosso espaço, nosso poder, nossos
gozos, nossos apegos, nossas paixões... não reconhecemos muitas de nossas atitudes
como falhas. Nós buscamos (e achamos!) explicações, desculpas e justificativas
para nosso egoísmo, nossa covardia, ao procurarmos nos defender de possíveis
perdas, ao fugirmos de assumir as conseqüências de nossos atos, ao lutarmos,
atacando, para tentar suprir nossas carências. E para isso mentimos,
escondemos, nos escondemos, invadimos, seduzimos, nos deixamos seduzir,
manipulamos, fingimos, negamos... Tantas vezes atropelamos ou nos omitimos para
nos resguardar de perdas ou para obter ganhos, mesmo causando dores e danos.
Num
processo de crescimento e amadurecimento, finalmente conseguimos “ver”,
entender, as verdadeiras faces de nossos atos, sem os mascarar ou justificar.
Falhamos e nossos erros causaram confusão, raiva, dor, sofrimento, nas pessoas,
mesmo nas mais queridas! Essa visão clara e honesta traz a culpa, a vergonha e
a humilhação por não termos sido melhores. Hoje entendo que ficar remoendo
esses sentimentos dolorosos e negativos me mantém refém do meu orgulho, da
minha arrogância, da minha prepotência, por achar que eu era melhor, que sabia
mais, que não iria errar. Talvez outros poderiam ser perdoados, eu não!
O peso
dessa luta interna se traduz em muita dor. Posso ficar aprisionada nessa dor
como auto punição, remoendo um remorso eterno ou posso ser sinalizada por ela
para rever meus erros, descobrindo meu real tamanho, aprendendo a ser humilde,
a aceitar o que fiz e o que fui (e aceitar não é gostar!), aprendendo a não
julgar e condenar tão facilmente as pessoas, aprendendo a usar o reconhecimento
dos erros e o arrependimento como base segura e honesta para um caminhar melhor
pela vida.
E a dor
real de magoar as pessoas, queridas ou não?
É triste saber que nem toda minha dor pode corrigir o
passado! A dor existirá sempre que lembrar desse passado. Ela faz parte da
vida, das perdas e danos, mas pode me ensinar a transformá-los em algum
crescimento. O peso dessas dores será
um eterno alerta para o meu atual caminhar!