Existe o mau hábito, quando nos reunimos, sem assunto, de
tornarmo-nos maledicentes – dizermos mal das pessoas ausentes. Nesses momentos,
queremos contar “novidades” que ouvimos de outros, “fofocar” e tecer juízos
sobre pessoas que não podem se defender ou esclarecer tudo que foi levantado
sobre elas ou suas vidas.
No afã de
nos sentirmos leais e pertencendo àquele grupinho do momento, queremos “mostrar
serviço”, “estar mais informados”, fazer graça, sermos críticos das atitudes do
ausente, querendo demonstrar que jamais seriam as nossas, que somos melhores...
Na verdade, sem nos darmos conta, invadimos e julgamos, com
irresponsabilidade, com insensibilidade, com crueldade e desrespeito, a vida e
a personalidade das pessoas. Repassamos o que ouvimos, com veracidade ou não,
de pessoas, públicas ou não! E dificilmente repassamos elogios!!!
Nossa vaidade nos faz acreditar estarmos sendo os escolhidos
pelo grupo, os admirados e os aplaudidos, escolhidos para dizermos e ouvirmos
as críticas e confidências sobre os outros. Sentimo-nos protegidos por essa
escolha, por essa “confiança”, por fazermos parte do grupinho.
Então, achamos engraçado ironizar o ausente. Sentimo-nos
defensores “do bem”. Parece que, enquanto falarmos dos outros, evitaremos que
façam o mesmo conosco. No entanto, atenção! Isso não nos garante a lealdade de
pessoas que já se mostram desleais e insensíveis... Será que seremos nós os
criticados quando formos nós os ausentes?
A
maledicência alimenta a desconfiança e traduz luta latente nas relações. Ela
mina a unidade dos grupos, na família ou não, porque pressentimos a falta de
generosidade e lealdade entre as pessoas.
Por que usarmos a oportunidade de estarmos juntos e o poder
das palavras para criticar, julgar, condenar e punir gratuitamente as pessoas,
próximas ou não?
Por que não aproveitarmos para o elogio, a lembrança
carinhosa ou a desculpa generosa? Por que não, ao menos, o silêncio, o
respeito?
Uma atitude
amorosa, leal e gentil faz muito bem a nós mesmos e ao grupo. Quando estou
tentada a participar do triste festim de esquartejar pessoas pela maledicência,
procuro lembrar-me de um mestre que sugeriu:
DEFENDA
SEMPRE O AUSENTE !