A hostilidade é um estado de beligerância, em nós ou contra
nós, nas relações em geral, entre homens ou nações. É um estado latente de
luta, de “guerra” (fria ou não), de desconfiança, de desamor...
Ela revela, mesmo quando tenta se disfarçar, um estado de
animosidade, de rejeição, de revide... Um estado de não aceitação do Outro, de
seus valores, de seu modo de ser/estar. Leva a uma constante irritação pela
“teimosia” do outro em ser como é! Também pode se revelar na “inveja irritada”
com os dons e bens do Outro. Ela se traduz em impaciência, em irritação (surda
ou não), em má vontade com o Outro. Por tudo que nega de amor, a hostilidade
não precisa ser declarada – ela é pressentida, ela é dolorosamente sentida por
quem a percebe no Outro.
Nas relações mais próximas/íntimas, vemos
tantas vezes o amor ir-se azedando e transformando em triste e cruel
hostilidade pela não aceitação das diferenças, pelas expectativas frustradas ao
se tentar convencer e mudar uns aos outros a modelos, valores e às idéias
pessoais. Essas relações, antes amorosas, ou ao menos amistosas, vão
transformando-se pelas comparações, competições, rivalidades...
Nesse processo são utilizadas
máscaras cada vez mais sofisticadas e a atenção fica mais aguçada para “sacar”
possíveis ataques disfarçados de “boas intenções”... Todos os nossos sentidos
tornam-se cada vez mais alertas para ferir ou nos defender... E, confusos, magoados
e ressentidos, vamos sentindo-nos cada vez mais sós e acuados, mesmo na
companhia das pessoas mais queridas, que se foram transformando em “inimigos
íntimos”!
A
hostilidade pode se instalar em quaisquer relações, mesmo as mais
significativas de nossa vida – pais/filhos/companheiros/amigos... Basta que não haja respeito ao que somos, ao
que temos, às nossas diferenças de personalidade ou de educação.
Para aceitar o Outro não é preciso gostar das diferenças
entre nós – basta apenas respeitá-las. Preciso me lembrar disso sempre que me
sentir ficando hostil a alguém!
Como lidar com a hostilidade em
minhas relações?
Preciso tentar não entrar nos “jogos de guerra” dos egos
envolvidos.
Preciso aprender a estabelecer meus limites, me resguardando
das “invasões” e hostilidade do Outro com
assertividade, sem agressividade, ainda que com tristeza, mesmo quando o
outro ainda prefira permanecer hostil...
Preciso aprender a ser pacífica sem ser passiva para não me
transformar numa “vítima reativa”
Preciso fazer uma re-leitura de minhas relações e rever
minha atuação: Fui passiva/permissiva,
invasiva e hostil ou reativa e também hostil (8ºP)?
Preciso demonstrar o que quero de melhor para nós. Que comece por mim!
Se quero minhas relações
amigáveis ou amorosas, preciso me lembrar que não posso obrigar qualquer pessoa
a ser menos defensiva ou menos hostil. Só
posso modificar o meu modo de ser/estar, mas quando eu mudo algo muda naquela
relação!!!
A hostilidade é um eterno “rosnado” ameaçador, áspero, frio... me
distanciando afetivamente das pessoas. Se prefiro curtir a doçura macia e leve
das relações efetivamente amorosas, cabe a mim, Um dia de cada vez, fazer a minha parte...