Como os rios que têm seu curso desviado e, às primeiras
grandes chuvas, voltam ao leito antigo, nós também, sob a força de nosso
passado instintivo e materialista, tendemos a nós desviar de nossa busca
espiritual. Nossos passos ainda incertos e inseguros necessitam atenção
carinhosa e constante para não nos perdermos de nós mesmos, da alegria de nosso
despertar espiritual.
Nós nos
unimos em grupos para nos acolhermos, nos fortalecermos, para descobrirmos e
fortalecermos nossa crença em um Poder Maior Amoroso que nos acompanha na
descoberta de nossa humanidade, de nossa origem sagrada e em nossa
transformação rumo à nossa destinação divina. Temos podido caminhar
impulsionados pelo amor que encontramos uns nos outros e pela tomada de
consciência desse Poder Superior de Amor e Sabedoria. Afinal, somos seres
espirituais e nossa nutrição, nosso combustível natural é o Amor em suas tantas
faces!
Mas viemos com uma visão egóica e
instintiva de nós mesmos e do mundo. Perseguíamos os prêmios do mundo: posse,
poder, prestígio, prazer físico... E, apesar de toda a dor da desilusão pelo
fracasso desses gozos, que não foram suficientes para nos fazer felizes,
tendemos a voltar a ver, sentir e agir do modo que ficou “gravado” em nosso
ser, que rege o mundo à nossa volta. Somos desafiados, chamados, reclamados por
esse mundo em Família, no Trabalho, na Igreja, na Política, no Lazer... e até
nos Grupos! Esse Mundo, em todas essas formas, é o “lugar de ativa” de um viver
que não mais quero para mim!
Como o carrego ainda dentro de
mim, preciso cuidar do Ser que sou e Estar atenta a como ainda estou me
relacionando com as pessoas e com meu Grupo! Temos a tendência, como o rio, de
trazer para os Grupos, nosso ninho diferente e especial, a materialidade de
fora, dando maior importância a bens do que a nossos valores, nos comparando,
competindo e lutando por poder, pela supremacia de razões, informações e
cargos, criando regras e “chefias” em vez de estimular lideranças naturais...
Observo tantas vezes isso acontecer ameaçando nosso Grupo! Mas, não posso
modificar meus companheiros! Só posso modificar a Mim!
Por tudo isso, preciso ser
humilde e estar atenta à experiência dos que nos antecederam e generosamente
nos deixaram sugestões que nos protegem das distrações mundanas que ameaçam de
dissolução nossos Grupos – as Tradições.
Preciso ser coerente com minha busca, com meu desejo...
“Até que ponto é importante” - todo esse resto, essa briga de egos?
Preciso estar me perguntando, Só
por Hoje, Um dia de cada vez, a cada Reunião:
O que é, mesmo, que estou
buscando aqui?!