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quarta-feira, 16 de abril de 2014

VENTO A FAVOR


         Onde me perdi da criança viva, curiosa, sempre atenta às oportunidades, aos “ventos a favor”, que podiam me dar alegria, me levar à felicidade? Eu nem pensava ou sabia disso, mas me entregava, alegre e solta, a quaisquer “ventos a favor”! Criança é assim! Alegre ou triste, em momentos bons ou difíceis, eu/criança ia caminhando ao sabor da vida, pegando carona nas boas possibilidades, nos bons momentos. Quantas vezes, ainda com uma lágrima pendurada no rosto, já sorria para o novo instante que se apresentasse. Eu/criança queria simplesmente ser feliz! Não complicava! Simplesmente aproveitava, brincava, vivia e me entregava à vida!

            Então, os mais vividos, os mais sabidos dos perigos da vida e do mundo, vieram me educar. Eles me ensinaram a “lutar contra” quaisquer ventos contrários... Nesse aprendizado, fiquei atenta ao mal e aos maus, aprendi a me defender sempre e atacar quando necessário, para me defender.  Aprendi a me prevenir contra possíveis perdas e perigos, remoendo lembranças passadas e de olho no futuro... Fui perdendo a capacidade de simplesmente soltar-me e entregar-me ao momento, mesmo aos bons momentos, porque aprendi a estar sempre focada e bem adestrada na luta – “Viver é Lutar!”

            Fui tornando-me um adulto/capitão bem treinado para combater e enfrentar qualquer tempo e tempestade, mas fui perdendo o contacto com o  
marinheiro/criança que sabia curtir a viagem, mesmo com os desafios do mau tempo. Afinal, quem tanto luta nem tem tempo de ser feliz! Quem luta fica sério e não sorri! Quem tanto luta não avança, preso que está à luta! Quem luta fica chato e mal humorado, porque tanta luta cansa e nos tira a alegria!

            Às vezes me dou conta de que fui “bem educada”. Aprendi a pouco brincar ou sorrir, a encarar tudo com bastante seriedade. Criei uma “casca grossa” para me defender, que nem me permite chorar. E ensino como lidar com esse “mundo cão” às novas gerações e penso: É assim mesmo! Fiquei adulta!

 Mas, de repente, sinto que não é nada disso que eu quero para mim! A criança que eu amordacei, enganei e “eduquei”, ainda vive e me diz que ainda é tempo de depor armas, relaxar e seguir os “ventos a favor” que acontecem em todo momento à minha volta.  Ainda é tempo de reaprender a “ver” qualidades nas pessoas, boas possibilidades nas situações e me chegar à vida... desarmada e sorrindo!

            Viver não é lutar! Viver é “entender a marcha, aprender com desafios e ir tocando em frente”, atento e aproveitando sempre qualquer vento, qualquer brisa a favor! Quero navegar sempre a favor de pessoas, idéias, coisas... A favor do bem, a favor do que é bom... Quero ser feliz!