Da nossa
Insatisfação pelos desejos não realizados ou expectativas frustradas, não
importando quanto fossem ideais e irreais, sobrevém a Impaciência. Ela nos
avisa dessa insatisfação, muitas vezes não percebida. Ela demonstra nossa não aceitação com a
passagem do tempo, com as pessoas, com a vida... Queríamos que tudo fosse
diferente, que tudo fosse conforme nossos desejos e necessidades... Ficamos
impacientes:
- com as dificuldades das crianças, com a
arrogância tola dos jovens, com as limitações dos velhos...
– com a independência dos companheiros e
filhos que eram “nossos”, com suas escolhas, seus pensamentos...
- com nossas
“impotências” pela vida afora...
A impaciência se revela internamente
através da irritação, o “fogo destruidor” que corrói nossa alegria, agride
nosso corpo, que sofre, que reclama e adoece. E a externamos com “muxoxos”, “rosnados”
ameaçadores, gestual agressivo, grosseria, mau humor! Afastamos, assim, as
pessoas. Elas podem até continuar a nos amar, mas não querem a nossa
pesada companhia ! Queremos ser amados, queremos nos sentir aceitos e
queridos, mas a impaciência com que tratamos as pessoas, ou somos tratados,
destrói tudo que ansiamos numa relação amorosa.
Acabamos por entender,
racionalmente, a necessidade de nos conformarmos com a realidade que se
apresenta em nossa vida em suas variadas circunstâncias. E começamos a
descobrir a Paciência, que acaba por nascer da aceitação de tudo que somos
impotentes para mudar. E descobrimos a
importância da Paciência para acatar e fazer cumprir regras sociais, para
ensinar, para aprender, para tolerar diferenças e dificuldades, para
demonstrarmos gratidão... Essa paciência
nasce na Mente, na Razão, na descoberta de que ela é necessária para
convivermos em paz e com harmonia.
Mas a Paciência pode
evoluir e florescer, quando chega ao nosso coração e é enriquecida pela
compaixão, pela ternura, pelo gosto interior de sermos carinhosos, gentis,
generosos... Ela então se transmuta numa
das expressões do Amor ! Já não sou paciente por dever e justiça, mas porque as
dificuldades e limitações do Outro (e até as minhas), me tocam o coração, me
enternecem... Já não me obrigo somente a
ser paciente e me conformar com o Outro. O Amor me leva a aceitar, com essa
nova Paciência, o tempo de cada um de nós, acolhendo com ternura as nossas
limitações. Essa Paciência deve ser a
nossa meta, embora ainda tão difícil para nós, seres irritadiços num mundo tão
irritante ! Mas vale a pena, porque a
essa Paciência não nos obrigamos, ela não nos pesa... Ela apenas nos inunda de
alegria, ternura, gostosura...
Paulo de Tarso em sua escrita mais bonita sobre o Amor
disse: O Amor é Paciente...