Estamos
acostumados a pensar nestes verbos em relação ao Outro – nós atuando sobre os
outros. Mas, primeiro é importante pensá-los em relação a nós mesmos, porque
tudo começa EM MIM!
Instruir – Vivemos sob o jugo de um
mundo racional, mental, egóico, onde somos instruídos para a luta, para competir
por ganhos materiais e poder, para descobertas técnicas que requerem cada vez
mais informação. Recebemos instruções desde que nascemos e aprendemos a
valorizar tudo que possa nos abastecer de mais saberes, desde os mais
simples/básicos até os mais sofisticados e eruditos. Aprendemos que quanto mais
e demais “saberes” e especializações tivermos, mais seremos valorizados,
teremos mais prestígio, bens materiais...
Seremos, talvez, até “amados”! E
nesse mundo tão materialista é o que parece contar. Vivemos a era da
informação/instrução porque esse é o caminho que nos mantém mais aptos a
“vencer na vida”!
Esse caminho da instrução tem uma
direção que vem de fora (do mundo) para dentro de mim. “Aprenda”, repita,
memorize, enriqueça-se com mais técnica, mais novas informações, destaque-se,
vença, seja mais, saiba mais, tente mais... tente até ser feliz! Tudo se inicia
na família(com “papos” unilaterais e corridos de instrução), continua “mais
formal” na Escola, pela TV, nas Igrejas, nas Empresas, nas Especializações...
No entanto, atenção! Somente, e tanta,
instrução acaba por criar “linhas de produção” de saberes, adestrando nossos
pensamentos e comportamentos, ignorando nossos sentimentos, bloqueando nossa
criatividade, fragmentando nosso olhar e percepção em infinitas
especializações, querendo talvez transformar-nos em super homens, mas tão pouco
humanizados, num mundo tão sofisticado, desamoroso, frio, violento...
Educar – tem uma direção contrária.
É levar para fora as minhas potencialidades e compartilhá-las com o mundo, com
ética/respeito e verdade... Para isso preciso primeiro conhecê-las e às minhas dificuldades
internas que as entravam. Educar a mim
mesma é ter uma atenção amorosa comigo, valorizando quem sou e, com paciência,
ir modificando as distorções agressivas-defensivas do meu ego arrogante e
competitivo. É buscar os valores éticos/espirituais que podem redirecionar,
humanizar e trazer respeito amoroso à minha relação comigo mesma e com o mundo.
A partir desse meu processo interior
contínuo, posso entender que Educar
- na Família, na Escola, na
sociedade em geral, é ter disponibilidade para o processo do “descobrir-se” do
outro, compartilhando experiências, estabelecendo e honrando com respeito os
limites de cada um em suas interações com pessoas e situações. Educar, assim, é valorizar nossa unicidade, nossa
individualidade, querendo realmente
escutar suas ideias, seus sentimentos, respeitando suas possibilidades em cada
fase de sua vida, sugerindo e trocando valores éticos para que possam vivenciá-los
no mundo material com toda a instrução que estiverem recebendo. Educar é ser o
exemplo, um parâmetro, em nossa interação, de auto cuidado, o que certamente
favorecerá a construção de sua auto estima.
A instrução nos traz saber, mas
somente sua utilização com a ética que é
trazida pela Educação poderá nos levar a sermos mais responsáveis, respeitosos,
amorosos, mais aptos a utilizar tanta informação de modo a sermos mais felizes.
Tanto a Instrução como a Educação fazem
parte do desenvolvimento e da evolução humana. E elas precisam acontecer, sim,
tanto na Família quanto na Escola e por consequência na Sociedade. Não adianta
reconhecermos que nós mesmos recebemos mais instrução do que educação, porque,
já então, restava à Família pouco tempo para se verem/ouvirem, presos que
estavam todos ao sistema herdado de estudar o que mais que pudessem, trabalhar
muito para ganhar muito e comprar muitas coisas uns para os outros, para terem
poder e serem invejados e “respeitados”. Não adianta nos horrorizarmos com a
violência de uma sociedade sem amor e valores, nutridos que fomos pela mídia
materialista, abandonados que fomos num “jogo de empurra” entre a Família e a
Escola! Todos reclamam e criticam, mas “Quem me Educa?”
Não posso mudar ninguém, nem esse
Sistema equivocado que nos “engorda” de coisas e carências afetivas. Mas não
quero eternizá-lo, nem passar adiante esse modelo. Só posso mudar a mim! Então,
cabe a mim cuidar de mim, me educar e compartilhar – educando-
levando aos outros o melhor de mim.