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sexta-feira, 19 de setembro de 2014

UM ABRAÇO MORTAL


           Em nossas relações afetivas, quando acreditamos e creditamos aos rótulos familiares os possessivos (meu, seu...), estamos nos fechando na cadeia do auto engano, nos aprisionando na “alegria/agonia” de um abraço mortal com quem amamos e decretando a morte, a curto/médio/longo, do amor. É um abraço que nos ata, amarra, “pluga”, uns aos outros, em nome do amor, mas isto não é Amor! É apenas a crença de uma necessidade afetiva e psicológica que só aquele outro poderia suprir. Acreditamo-nos meros pedaços de um ser carente de inteireza, de completude, nessa visão distorcida e equivocada de nós mesmos. Acreditamos que viemos para completar a vida das pessoas e que elas também nos completariam... Seria uma troca perfeita onde supriríamos as nossas necessidades, nossas carências... Mas isto não é Amor!

            A partir dessas crenças, passamos pela vida atentos aos outros, sondando possibilidades e pessoas que nos pudessem nos satisfazer e completar nossas “lacunas”. Quando encontramos, nos agarramos com paixão à nossa “salvação” porque... “Você é a luz e alegria da minha vida!”... Você dá significado” ... “Sem você não sou ninguém”... “Sem você nada tem sentido”...  Tudo isso que sentimos e repetimos é coerente com o que sempre ouvimos  sobre nós e  o amor, cantado e recitado, em verso e prosa, em família ou mundo afora... Achamos natural e verdadeiro buscar no Outro a solução dos nossos sonhos, carências, inseguranças...  Assim, não atentamos ou reconhecemos nossas próprias dificuldades, porque acreditamos que é responsabilidade do outro cuidar de nossa felicidade.! E assim caminhamos pela vida, aprisionados pelo medo, pela agonia de perdermos aqueles que suprem nossas “necessidades vitais” para sermos felizes.

            Como sair desse abraço mortal, que nos mantém numa infantilidade triste, traidora, sonegadora de nós mesmos?  O maior perigo é não querermos sair... por medo, por acomodação, por teimosia, por não conseguirmos pensar diferente, por achar que assim “está tão bom!”... Quando os dois estão tão simbioticamente unidos, talvez até esteja gostoso, talvez não estejam sofrendo, mas continuarão plugados, aleijados, dependentes, menores que si mesmos!

Como deixar esse abraço que nos imobiliza, nos invalida e suga as energias um do outro?  Desligar-se é possível? É certo? É desamor? Tantos questionamentos... Como é difícil ser livre!

Preciso conhecer as crenças que me mantém atado, conhecer e aprender a cuidar dos meus medos, dos meus sentimentos... Preciso caminhar nesse processo para ir-me validando, valorizando, descobrindo forças, possibilidades, energia...  para saber que posso cuidar de mim, para ir libertando-me e dando liberdade ao outro, mesmo que, às vezes, à sua revelia!

            Quero aprender a amar com parceria, caminhando e deixando caminhar, vivendo e deixando viver! Quero sair desse abraço mortal e sufocante, quero aprender a deixar espaço entre nós para o Amor!   Só preciso é de muita Paciência, Perseverança, e Coragem para Mudar!