Em nossas
relações afetivas, quando acreditamos e creditamos aos rótulos familiares os possessivos (meu, seu...), estamos nos fechando na cadeia do auto engano, nos
aprisionando na “alegria/agonia” de um abraço mortal com quem amamos e
decretando a morte, a curto/médio/longo, do amor. É um abraço que nos ata,
amarra, “pluga”, uns aos outros, em nome do amor, mas isto não é Amor! É apenas
a crença de uma necessidade afetiva e psicológica que só aquele outro poderia
suprir. Acreditamo-nos meros pedaços de um ser carente de inteireza, de
completude, nessa visão distorcida e equivocada de nós mesmos. Acreditamos que
viemos para completar a vida das pessoas e que elas também nos completariam...
Seria uma troca perfeita onde supriríamos as nossas necessidades, nossas
carências... Mas isto não é Amor!
A partir dessas crenças, passamos
pela vida atentos aos outros, sondando possibilidades e pessoas que nos pudessem
nos satisfazer e completar nossas “lacunas”. Quando encontramos, nos agarramos
com paixão à nossa “salvação” porque... “Você é a luz e alegria da minha vida!”...
Você dá significado” ... “Sem você não sou ninguém”... “Sem você nada tem
sentido”... Tudo isso que sentimos e
repetimos é coerente com o que sempre ouvimos
sobre nós e o amor, cantado e
recitado, em verso e prosa, em família ou mundo afora... Achamos natural e
verdadeiro buscar no Outro a solução dos nossos sonhos, carências,
inseguranças... Assim, não atentamos ou
reconhecemos nossas próprias dificuldades, porque acreditamos que é
responsabilidade do outro cuidar de nossa felicidade.! E assim caminhamos pela
vida, aprisionados pelo medo, pela agonia de perdermos aqueles que suprem
nossas “necessidades vitais” para sermos felizes.
Como sair desse abraço mortal, que
nos mantém numa infantilidade triste, traidora, sonegadora de nós mesmos? O maior perigo é não querermos sair... por
medo, por acomodação, por teimosia, por não conseguirmos pensar diferente, por
achar que assim “está tão bom!”... Quando os dois estão tão simbioticamente
unidos, talvez até esteja gostoso, talvez não estejam sofrendo, mas continuarão
plugados, aleijados, dependentes, menores que si mesmos!
Como deixar esse abraço que nos imobiliza, nos invalida e suga as energias um do outro? Desligar-se é possível? É certo? É desamor? Tantos questionamentos... Como é difícil ser livre!
Preciso conhecer as crenças que me mantém atado, conhecer e
aprender a cuidar dos meus medos, dos meus sentimentos... Preciso caminhar
nesse processo para ir-me validando, valorizando, descobrindo forças,
possibilidades, energia... para saber
que posso cuidar de mim, para ir libertando-me e dando liberdade ao outro,
mesmo que, às vezes, à sua revelia!
Quero aprender a amar com parceria, caminhando e deixando caminhar, vivendo e deixando viver! Quero sair desse abraço mortal e sufocante, quero aprender a deixar espaço entre nós para o Amor! Só preciso é de muita Paciência, Perseverança, e Coragem para Mudar!