Somos seres
espirituais, mas vivemos hoje, quase encalhados, num mundo material, onde ainda
predomina um homem corpo/mente, instintivo e racional, dirigido por uma mente
egóica, adestrada para luta, em defesa da sobrevivência ,da posse de
territórios, das pessoas, de razões, buscando sempre, mais e mais, o poder... Uma
mente atenta e sempre reativa!
Como indivíduos, ainda
estamos muito atrelados a nossos grupos – familiares, culturais, nacionais... É
o preço/peso da pertença! Agressões a cada um, ou aos nossos grupos, ressoam
ainda de modo muito forte em nossa individualidade. Sentimo-nos fisicamente
ameaçados em nossa sobrevivência, ultrajados em nosso amores e escolhas,
em nossos sonhos/desejos, em nossas crenças (políticas, religiosas, étnicas...)
Agressões nos fazem sentir um medo atávico/animal, nos fazem sentir atacados
como indivíduos e como grupo. Sentimos
muita raiva pelo nosso orgulho e nossa vaidade, então agredidos e ameaçados. E,
quando impotentes, sentimos ressentimento
e ódio!
Nossa mente egóica nos impele à reação. Há um desejo e uma necessidade
de revide, de vingança, de “dar o troco”. Como indivíduos, ou como parte de
grupos, reagimos apenas obedecendo ao instinto e ao ego condicionado para lutar.
Logo perdemos o contato, ainda incipiente e frágil, com nossos valores éticos e
espirituais, que nos sugerem serenidade, análise imparcial. Apaixonadamente,
reagimos! Já não conseguimos agir, só reagir!
Percebo hoje que preciso parar e me dar um tempo para ser Eu
mesma, coerente com as escolhas que faço, se busco criar um mundo interior apaziguado. Minhas Ações devem
ter coerência com a paz e a espiritualidade que hoje quero em minha vida. Mas como é difícil!
Como é difícil lidar com crenças arraigadas, preconceitos,
que dirigem meus medos e raivas, que confundem meus julgamentos, impedem a
imparcialidade e a lucidez em minhas análises! Como é difícil estabelecer os
limites possíveis a cada momento em minhas relações. Limites com firmeza, sem a
agressividade nascida do medo e da raiva, mas com a firmeza serena que repudia
o desrespeito... Como é difícil não
permitir que o ódio e a indignação se justifiquem como uma “reação natural”...
Como é difícil chegar à Aceitação no confronto diário com o absurdo de nossa
humanidade e Aceitar o “tamanho” das pessoas e grupos, sem me submeter às suas
atitudes invasivas e agressivas...
Esse é o desafio diário que me é proposto em minhas questões
familiares(íntimas/afetivas) e com o mundo.
Preciso todo o tempo lembrar que sou responsável pelo meu mundo
interior, pelo modo como interajo comigo mesma, com meus pensamentos, minhas crenças
e sentimentos. Sou também responsável por minhas ações no mundo. A mim, fica a
escolha: ou a agonia de me bater, rebater e reagir, refém do medo e do ódio ou
a observação serena e lúcida de mim e do que me cerca, para uma Ação
responsável e coerente com a liberdade que tanto busco.
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