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sábado, 28 de março de 2015

JOGOS PERVERSOS




           Todos os jogos pressupõem disputas, mesmo nas relações mais próximas, nas mais afetivas e afetuosas.  E nas disputas, nas competições, a “linguagem” é a da guerra! Criamos um paradoxo: usamos a guerra para cuidar do amor!!!

            Quem é o melhor? Ou o pior? Quem perde? Quem ganha? Eu não quero perder!   Eu tenho muito medo de perder! Perder a posição, perder o poder, perder o valor, perder o amor...Não posso me arriscar a perder! Por isso não lhe revelo quem sou! E você também...

            Não posso lhe revelar meu medo de ser rejeitado, de ser preterido, de ser ridicularizado, de ser menos amado... Quero estar com você, mas tenho medo de lhe dizer quem sou e como estou...  Só por isso é que eu finjo, e disfarço, e invento, e omito, e minto...  Quero ser amado e invejado, mas apresento apenas uma máscara!  Eu choro, eu rio, eu sinto (com tantas cores de sentimentos) e gosto e não gosto... tudo escondido, ou maquiado, ou disfarçado. E você também...

         No entanto, continuamos com muito medo e inseguros, porque sabemos que somos amados e valorizados  pelo que não somos! E, de modo incoerente, ainda ficamos muito magoados, com raiva, ressentidos, por não sermos compreendidos, por não adivinharem ou pressentirem nossas angústias e anseios... anseios e expectativas muitas vezes tão irreais!  Zangados, temos atitudes que refletem as nossas frustrações escondidas ( mas cada vez mais explícitas) e confrontamos  uns aos outros com cobranças e lamúrias, cada vez mais irritadas, ásperas, agressivas. Queríamos que todos fossem menos “insensíveis” e adivinhassem nosso mundo interior!

           Precisamos ser coerentes, afinal! Para ser visto, entendido, aceito (ou não) – tenho que me revelar! Tenho que decidir abandonar esse jogo perverso, tolo, viciado/vicioso... Esse jogo que não vale a pena jogar, porque seremos todos perdedores!

            Decidi que quero estar mais comigo, descobrindo, com aceitação e paciência, meus desejos e meus sentimentos, tão “socados” e confusos, para poder depois revelar, aos pouquinhos, quem “estou”, onde estou, como estou... Se quero um encontro com o Outro, preciso poder dizer de mim. E se ainda não consigo, preciso ter senso de justiça para não cobrar dos outros a consequência de meus medos e da minha insegurança e lembrar que sempre estive jogando também.

           Não quero mais esse jogo! Não quero mais qualquer jogo!  Quero estar cada vez com mais verdade, conforto e gostosura em minhas relações. Um dia de cada vez, é isso o que quero buscar para mim. Mas se meus antigos parceiros nesses jogos perversos  insistirem  em jogar, preciso honestamente, assertivamente, gentilmente...lhes dizer:      “- Comigo não, camarão!!!” 


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