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domingo, 5 de julho de 2015

CERTEZAS


         Temos tantas certezas!  Melhor dizer, tivemos sempre tantas certezas!

         Na infância recebemos as certezas da Família, da Escola, da Igreja... Às vezes elas nos pareceram estranhas e controversas, mas seguimos acreditando.

          Na adolescência passamos a acreditar que tudo era mentira e substituímos aquelas certezas infantis pelas novas certezas, com a arrogância tola, impaciente e revolucionária dos jovens.

          A partir da idade adulta, as situações desafiadoras da vida começaram a confrontar, a fazer estremecer e ruir o castelo inexpugnável de nossas certezas, de nosso orgulhoso saber. Mas, mesmo assim, quando nosso orgulho e vaidade são muito fortes, eles defendem  nossas certezas e permanecemos presos na teimosia, adultos estagnados, donos da verdade, “senhores da experiência”, cegos e surdos a quaisquer outros aspectos de pessoas, de razões, de ideias...   “Eu sei!”     “Eu já sei!”   “A vida me ensinou e eu já sei!”    “Eu enxergo muito além de vocês!”

            Se permanecermos assim, duros e inflexíveis em nossas certezas, acreditando na supremacia de “nossa verdade”, tornamo-nos prisioneiros do saber fechado dos teimosos, emparedados num mundo pequeno das nossas verdades e certezas, que nos apequenam e apequenam tudo!

            Podemos, no entanto, nos deixar “amaciar” pela vida e irmos substituindo a humilhação de ver nossas certezas orgulhosas derrotadas, pela humildade libertadora de descobrir que, afinal, Eu não sei! Que eu não sei tantas coisas!  E o que sei, é apenas o que me parece, só por hoje!  Começo a vislumbrar a imensidão do ser humano e da Vida. Quem sou eu? Quem é o outro? O que sei de mim e dos outros? O que é a Vida? Para que?   O que é o certo? E o errado?

            A maturidade é a transição das certezas para as dúvidas e as diferentes possibilidades. É admitir que talvez não seja como eu achei que era. É sentirmo-nos instigados agora a querer entender mais, sentir melhor... É perceber que o que estou sabendo ainda não é tudo... É nos permitir um olhar aberto, receptivo, curioso, para as diferenças à nossa volta. Só assim podemos crescer nesse Universo, todo ele mistério e possibilidades... Só assim poderemos ir transformando nosso pequeno e transitório saber em serena Sabedoria.

Persiste apenas, e sempre, uma única certeza. É de que somos criaturas de um Poder Superior que claramente se prova maior que nós. Ele se revela maior na força e beleza da natureza da qual fazemos parte, que nos cerca e acolhe...  A certeza em um Poder Maior que nos traz aqui e nos leva daqui... Em um Poder Maior que para sempre nos aguarda com paciência, sem prazos, com toda a Certeza, Sabedoria e Amor daquele que cria, o nosso Criador.


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