Serenidade é
um estado de tranquilidade e temperança interior. Ela acontece na aceitação do
momento, no desligamento do caos exterior e traz um profundo sentimento de
suficiência interior.
Acredito que são raros esses
momentos, porque somos subjugados por nossa mente fervilhante, sempre corrida e
atarefada com muitas possibilidades, distraída pelos inúmeros incentivos e
desafios do mundo exterior. Nossa mente fica saltitando entre “problemas”
antigos, novos e futuros, voltada às lembranças do passado (boas e más), aos
afazeres do “daqui a pouco”, às ameaças do desconhecido, aos impasses presentes
e remoendo amores, dissabores, simpatias, antipatias... Enfim, nossa mente pensante é corrente,
correndo e nos levando a sentir e viver também correndo, em turbilhão ... “O pensamento parece uma coisa a toa, mas
como é que a gente voa, quando começa a pensar...”
Corremos, voamos... Atrás da paz e da felicidade, um “pote de
ouro”, sempre mais adiante... E, no
entanto, a Serenidade, que pode contê-las, está na Aceitação e no silêncio
simples e delicado do Agora. Temos tanta dificuldade de a desfrutarmos, porque
estamos sempre muito envolvidos com lutas, disputas, procuras... Para
alcançá-la, só quando paramos, simplificamos, descomplicamos, aceitamos...
Às
vezes, por ironia, quando nos sentimos tranquilos e serenos algo acontece e grita dentro de nós! Está
muito esquisito! Não estamos acostumados a essa tranquilidade interior, à Serenidade! E até nos perguntamos : O que está
acontecendo comigo? Será que estou meio sem vida? Será que deprimi? Será que desisti de correr, de lutar... de
viver?
Parece impossível e controverso : a alegria de viver e o estado de serenidade! Mas ela vai se revelando possível num processo
de desentulho, de desconstrução dos hábitos arraigados de anseios, julgamentos,
preocupações, necessidades de ter, parecer, sobrepujar, num exercício de Aceitação
do momento, do que posso ou não posso modificar em cada situação e na certeza
de que há um propósito maior em tudo, mesmo que a minha, ainda pequena,
percepção humana não possa tudo alcançar.
Às vezes, sinto e desfruto dessa Serenidade.
Acredito que se perseverar, abandonando corridas e lutas tolas e inglórias, me
entregando ao amor de um Poder Maior em cada Agora, poderei conseguir, cada vez
mais, o milagre de ser/estar Viva e Serena.
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