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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

O FILHO QUE SE FOI...




         Filhos, parece que nascem somente para fazer chorar suas mães! E elas os esperam com tanta alegria, com uma alegria entranhada, muitas vezes inexplicável pela razão. É uma sensação forte, visceral, de amor e defesa de sua cria. Mães choram de alegria porque seus filhos estão bem... choram de medo que fiquem mal!  Choram de alegria por seus sucessos e de agonia pelos seus descaminhos...  Choram de pura alegria quando eles chegam e choram, definitivamente, porque eles se foram...

            As mães os trouxeram aqui. Parece, então, absurdo, incompreensível, inaceitável, que eles se vão, deixando-as aqui! Podemos tentar entender, buscar aceitar o que não podemos modificar. As questões da vida e da morte, ainda escapam ao conhecimento humano e buscamos conforto, confiando num Poder Maior de Amor e Sabedoria, que toma as decisões certas para nossas vidas. Aceitamos, nos entregamos, mas a dor não muda. Ela nos acompanha, está entranhada em nós, como nossos filhos. Essa separação nunca foi chorada o bastante. Acho que jamais será. Em certas ocasiões, em alguns momentos, em alguns dias, o choro contido parece se rebelar, cresce dentro de nós, transborda como uma grande represa de tristeza e dor que se rompe e parece nos inundar... Naquele instante, nem tente segurar... A gente se entrega e espera aquele “oceano” passar...    

            Nesses momentos de “recaída” no horror, no absurdo da realidade da perda, que inverteu a “ordem natural das coisas”, ainda nos pegamos repetindo um queixume de pura agonia: Mas, Meu Deus, por que?  Ficou tão gravado em nós o horror daquela perda, que o tempo, senhor do esquecimento, que parecia ter esmaecido aquela dor, ao toque de alguma lembrança, desaparece e somos abafados por uma dor sempre atualizada, gritando em nós...  E mesmo quando as lembranças boas nos chegam, parece que é só para tornar ainda mais terrível a separação. 

            Filhos se vão deixando-nos um sentimento de frustração de sonhos e projetos... Sentimento de medo e pavor quando fomos confrontados com doenças que se arrastaram ou com um fim inesperado. Criancinhas, jovens ou adultos, não importa, os filhos são nossas eternas crianças...  Ficam sentimentos de culpa por termos falhado, por não temos conseguido ser melhores, sentimento de culpa por não termos curtido mais e melhor nosso tempo juntos... Sentimento de impotência e culpa por não termos podido evitar o fim...

            Por mais difícil e dolorosa que seja a vida de nossos filhos (doenças, deficiências, descaminhos, perdas...), enquanto estão aqui conosco, temos a impressão e a esperança de que tempos melhores virão para todos nós e que estaremos sempre juntos, nos vendo e nos cuidando, até o nosso fim. 

            Acredito num Poder de Puro Amor e Sabedoria, num Poder que tudo criou e sabe o que é mais oportuno e melhor para nossa Caminhada. Isso me conforta e me faz aceitar essa perda de meu filho. Só não tira a Dor maior de nossa separação, de tudo que não pudemos continuar vivendo juntos. Acredito que estamos “em compasso de espera”, à espera de um reencontro.

            Na verdade, o filho que se foi – não foi! Para sempre está em nós!

4 comentários:

  1. Amiga companheira, nunca um texto refletiu tão bem meus sentimentos. Obrigada.

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    1. Olá, Ivone! É muito bom encontrar quem nos possa enterder! Obrigada! Beijos

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  2. Lindo texto! Parece que leste minha alma.
    Parabéns!

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