Filhos,
parece que nascem somente para fazer chorar suas mães! E elas os esperam com
tanta alegria, com uma alegria entranhada, muitas vezes inexplicável pela
razão. É uma sensação forte, visceral, de amor e defesa de sua cria. Mães
choram de alegria porque seus filhos estão bem... choram de medo que fiquem
mal! Choram de alegria por seus sucessos
e de agonia pelos seus descaminhos...
Choram de pura alegria quando eles chegam e choram, definitivamente,
porque eles se foram...
As mães os trouxeram aqui. Parece,
então, absurdo, incompreensível, inaceitável, que eles se vão, deixando-as
aqui! Podemos tentar entender, buscar aceitar o que não podemos modificar. As
questões da vida e da morte, ainda escapam ao conhecimento humano e buscamos
conforto, confiando num Poder Maior de Amor e Sabedoria, que toma as decisões
certas para nossas vidas. Aceitamos, nos entregamos, mas a dor não muda. Ela
nos acompanha, está entranhada em nós, como nossos filhos. Essa separação nunca
foi chorada o bastante. Acho que jamais será. Em certas ocasiões, em alguns
momentos, em alguns dias, o choro contido parece se rebelar, cresce dentro de
nós, transborda como uma grande represa de tristeza e dor que se rompe e parece
nos inundar... Naquele instante, nem tente segurar... A gente se entrega e
espera aquele “oceano” passar...
Nesses momentos de “recaída” no
horror, no absurdo da realidade da perda, que inverteu a “ordem natural das
coisas”, ainda nos pegamos repetindo um queixume de pura agonia: Mas, Meu Deus,
por que? Ficou tão gravado em nós o
horror daquela perda, que o tempo, senhor do esquecimento, que parecia ter
esmaecido aquela dor, ao toque de alguma lembrança, desaparece e somos abafados
por uma dor sempre atualizada, gritando em nós... E mesmo quando as lembranças boas nos chegam,
parece que é só para tornar ainda mais terrível a separação.
Filhos se vão deixando-nos um
sentimento de frustração de sonhos e projetos... Sentimento de medo e pavor
quando fomos confrontados com doenças que se arrastaram ou com um fim
inesperado. Criancinhas, jovens ou adultos, não importa, os filhos são nossas
eternas crianças... Ficam sentimentos de
culpa por termos falhado, por não temos conseguido ser melhores, sentimento de
culpa por não termos curtido mais e melhor nosso tempo juntos... Sentimento de
impotência e culpa por não termos podido evitar o fim...
Por mais difícil e dolorosa que seja
a vida de nossos filhos (doenças, deficiências, descaminhos, perdas...),
enquanto estão aqui conosco, temos a impressão e a esperança de que tempos
melhores virão para todos nós e que estaremos sempre juntos, nos vendo e nos
cuidando, até o nosso fim.
Acredito num
Poder de Puro Amor e Sabedoria, num Poder que tudo criou e sabe o que é mais
oportuno e melhor para nossa Caminhada. Isso me conforta e me faz aceitar essa
perda de meu filho. Só não tira a Dor maior de nossa separação, de tudo que não
pudemos continuar vivendo juntos. Acredito que estamos “em compasso de espera”,
à espera de um reencontro.
Na verdade, o filho que se foi – não
foi! Para sempre está em nós!
Amiga companheira, nunca um texto refletiu tão bem meus sentimentos. Obrigada.
ResponderExcluirOlá, Ivone! É muito bom encontrar quem nos possa enterder! Obrigada! Beijos
ExcluirLindo texto! Parece que leste minha alma.
ResponderExcluirParabéns!
E muito bom saber que nos identificamos! Obrigada! Beijos
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