Não nos foi ensinado a cuidar da própria vida! Não nos
foi ensinado a aceitar que não podemos modificar as pessoas, quaisquer outras
pessoas, mesmo as mais amadas! Pelo
contrário, nos fizeram acreditar que podíamos, e deveríamos, “cuidar” e
controlar a vida dos outros para modificá-la, sempre que necessário! E foi
assim, com essas crenças, sentimentos e comportamentos, que nos envolvemos em
um luta inglória, numa “missão impossível”! E foi assim, que acabamos por ir
perdendo o controle de nossa própria vida e nossa sanidade física, mental e
emocional...
Mantínhamos total atenção no Outro,
principalmente os mais próximos, os mais queridos. Quando nos parecia que
tomavam uma direção “errada” na vida, logo nos culpávamos pela nossa desatenção e pela nossa falha em corrigi-los.
Corríamos, então, a tentar controlá-los
por todos os meios. Usávamos de persuasão, de mentiras e manipulações de todo
modo, de cobranças, de chantagens desesperadas, de agressões físicas e
verbais... Tivemos comportamentos que jamais imaginávamos poder ter. Tentávamos
de tudo!
Jamais nos ocupamos com nossa saúde
física, emocional ou mental. Não era justo olharmos para nós, por que tínhamos
falhado! Nosso mundo emocional, nossas dores, eram abafadas, disfarçadas e
aumentadas por uma auto punição constante. Nosso mundo mental era pura
confusão. Como e por que eu não conseguia modificar quem eu amava e perdia?
Seria muito incompetente? O que faltava tentar? Que Deus era esse que não ouvia
meus pedidos para controlar aquela situação?
Era muita dor, era puro desespero, era o descontrole de minha própria
vida! O que fazer? O que mudar?
Pudemos, finalmente, atentar para
nosso corpo já adoecido, pudemos reconhecer nossa angústia e “esvaziar” em
catarses seguidas as nossas emoções descontroladas, mas a última coisa que
pensávamos necessitar e poder modificar eram as crenças equivocadas que deram
origem a tanto horror. Para admitir que eram equivocadas e impossíveis, só
através da rendição total às dores que elas nos impuseram, só através da admissão
da perda do controle de nossas vidas, só através do confronto contínuo com sua
impossibilidade, só através do compartilhar honesto com outras pessoas, só
ouvindo e entendendo um nova crença, lógica e serena em sua simplicidade.
Perdemos a luta e o controle porque somos Impotentes perante qualquer ser
humano. Não somos incompetentes, somos apenas impotentes!
Os Anônimos nos sugeriram isso em
seu 1º passo – “Admitimos que éramos impotentes...e que havíamos perdido o
controle de nossas vidas”, mas só acreditamos porque nos foi compartilhado
pelos que passaram pelo mesmo tormento daquele engano. Para essa mudança de
crença precisamos passar pelo fogo da dor, que queimou nossas “certezas” e no
deixou mais humildes para ouvir, para nos modificar, para aceitar e aprender a
cuidar de nós mesmos, já que aos outros só podemos amar e respeitar. É o 1º passo, que redirecionou meu olhar e
meu caminhar em direção a mim mesma, em direção ao auto conhecimento, à
honestidade, à auto aceitação, ao auto respeito, à responsabilidade de Cuidar do
que posso – Eu mesma. É assim que, um
dia de cada vez, podemos ir retomando o controle perdido de nossas vidas.
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