O Outro é
qualquer pessoa à minha volta. Alguns são mais próximos, até muito próximos.
Alguns são mais distantes e até de muitos deles só sei pelo noticiário. Embora eu não perceba, qualquer desses
Outros, assim como eu, tem uma história de vida, tem características próprias,
defeitos, qualidades e potencialidades. Cada um é uma manifestação do Sagrado e
traz em si uma centelha da Luz Original, ainda que, em alguns, esteja muito
encoberta e em outros, já menos velada. Embora com a mesma origem, enfrentamos
desafios da vida de modo único, particular – acertando ou tropeçando.
Não levamos em conta que somos
diferentes quando julgamos uns aos outros com base em nossos valores, nossas
experiências únicas, nossos gostos, nossas expectativas... Tratamos o Outro conforme nossas necessidades
emocionais, materiais, profissionais – meu familiar ,minha empregada, meu cliente,
meu paciente... Os relacionamentos
tornam-se superficiais e ,com a pressa de nossos dias, tornam-se descartáveis,
facilmente substituíveis.
Tudo se
complica quando, em nome do amor, nos “apoderamos” do Outro e ele se transforma
em nosso Objeto querido: meu filho, meu marido, meu pai... E jogamos sobre o
Outro o peso dos nossos desejos, dos sonhos de maior importância e nossas
expectativas mais ansiadas e agoniadas. Recebemos deles a mesma carga, e assim
nos angustiamos todos, nos invadimos, nos deixamos invadir, mentimos e cobramos
todo o tempo. Tudo porque esquecemos o que o Outro quer, o que o Outro pode, o
que o Outro É. Irritados, magoados, confusos...
lutamos o tempo todo com o Outro que tanto amávamos! Nessa dolorosa confusão, a saída é nos
lembrarmos de que somos duas pessoas diferentes, não importa o quanto nos amemos
e sejamos próximos.
Não sei, realmente,
quem é o Outro! Não tenho nenhum poder
sobre ele. Não posso modificá-lo. Não tenho o poder de fazê-lo feliz, nem de
fazê-lo infeliz, não posso ser responsável por atender suas expectativas, nem
ele por atender as minhas. Preciso respeitar sua unicidade, seus limites! Preciso
me lembrar sempre – Ele é um mistério. Ele é o Outro!
E eu? Eu também sou um mistério! Ainda um mistério, até para
mim! Preciso me ocupar comigo mesma para ir-me desvelando: Qual minha história? Quem sou eu? O que posso?
O que quero? Preciso que respeitem, também, o meu espaço, a pessoa que sou! É
minha responsabilidade conhecer e estabelecer meus limites, comunicá-lo ao
Outro e honrar-me, me respeitando. Só
então, poderei, realmente, me amar e aceitar o outro. Quando estiver difícil a
relação, não vou me magoar. Vou apenas guardar
meu espaço e lembrar-me: o outro
é o Outro!
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