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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

LAÇOS E GRILHÕES




Nascemos e vivemos em grupos. Não sobreviveríamos sozinhos – somos seres de relação. Aprendemos a ser humanos com outros seres humanos. Nessa necessidade de contínuas relações, onde aprendemos, ensinamos, recebemos, doamos, escolhemos, somos escolhidos, trocamos... vamos estabelecendo laços que nos ligam afetivamente às pessoas de nossa vida. Todos esses laços são importantes na formação de quem somos.
Na infância eles são poderosos, impedindo que nos percamos e nutrindo-nos em todos os níveis. Mas desde então precisam ser leves, algo frouxos, que nos permitam caminhar, circular e conhecer “os arredores” sem deixar de sentir sempre o cuidado e o amor da “base” familiar.
Muitos passamos pela infância sem receber o que nos parecia ser suficiente/bastante de amor e valorização e através desses laços enfraquecidos/ “magros” ficamos marcados por carências que, para sempre, nos agoniam e assombram nossas relações.
Queremos e precisamos trocar amor em todos seus aspectos e matizes, por isso buscamos dar e receber uma carga afetiva positiva nos laços que vamos estabelecendo pela vida. Como podem ser doces, ternos e acolhedores! Como aquecem e dão brilho às nossas vidas! E acreditamos que só assim ligados seremos felizes... Por serem essas pessoas tão necessárias para nos sentirmos importantes e amados, desenvolvemos um imenso medo de perdê-las e passamos a nos sentir responsáveis por seu bem estar, sua felicidade. Entendemos que devemos decidir e escolher por elas (e vice versa)! Tornamo-nos ciumentos de sua atenção, famintos eternos de sua presença, de seus carinhos. Ansiosos, inseguros, controladores, passamos a nos comunicar através de cobranças, críticas, manipulação...
Sem percebermos, aqueles doces e leves laços afetivos foram transformando-se, encurtando, encorpando, engrossando, enrijecendo, para suportar a pressão que o anseio natural por liberdade/espaço se faz sentir na relação. Os laços foram se transformando em grilhões! A preciosa relação se revelou uma armadilha! Estamos todos aprisionados: somos carcereiros e encarcerados! E então acreditamos mesmo que “Amar é sofrer”!
Preciso entender que sou responsável pelos grilhões que criei ou que permiti serem criados em minhas relações. Cabe a mim buscar conhecer e entender a minha parte nessa transformação adoecida e perversa e escolher iniciar o resgate de meus laços afetivos, que serão então diferentes do passado, mas o importante é que mantenham-se leves, doces, garantindo ternura, liberdade e gostosura em nossas relações.

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