Como tudo na vida, também o medo tem uma medida certa.
Emergindo em resposta ao alerta emitido pelos nossos sentidos, passando pelo
crivo de nossa inteligência, o medo revela-se o aliado valioso que nos sugere
cuidado, atenção, prudência, em momentos de perigo real e imediato. Ele faz
“detonar” em nosso corpo hormônios que nos favorecem a fuga ou o enfrentamento
das situações de risco.
Quando,
porém, ele aparece em resposta à crenças e pensamentos irreais, derivados de
terríveis expectativas futuras ou horríveis lembranças recorrentes, de ameaças
nascidas de fantasias torturantes, ele torna-se, ele próprio, um perigo para
nós!
Na medida em que vamos entregando o comando de nossa mente,
o medo, como resposta, vai levando-nos a construir sofisticadas, variadas e
poderosas defesas, físicas, psíquicas e químicas, que nos cercam, cerceiam e
acabam por nos aprisionar! E lá, de dentro de nossas defesas, continuamos com
medo, continuamos a buscar defesas mais seguras e vamos ficando isolados, sós, cada
vez mais desconectados de um mundo que nos parece tão perigoso e tão maldoso...
E, cada vez mais, também, incapacitados de amar, de trocar, de compartilhar,
porque tudo e todos representam algum tipo de ameaça!
Um
ego/mente desgovernado traz muita dor e mais medo! É preciso, então, entrarmos
em contacto com uma dimensão mais poderosa, que possa nos trazer proteção,
equilíbrio, que nos conecta com a realidade, com o aqui/agora, que nos faz
sentir a força necessária para enfrentarmos as dificuldades de cada momento,
até mesmo as imaginárias. Essa dimensão, a Espiritual, tem o poder de nos
acalmar, de trazer segurança interna e serenidade. É ela que nos liberta, que
afugenta nossos medos!
Atenção com
nossos medos, atenção com os pensamentos que os detonam! O processo do
descaminho de nossos pensamentos é sutil, é enganoso... Ele se faz, muitas
vezes, aos poucos, criando pequenos medos, repetidos medos, variados medos,
dando motivos à mente que os criou para justificá-los, para iniciar a construção
das defesas (rituais, interdições, manias...) e buscar o uso dos químicos que
os anestesiam. Somos convidados, enfim, a sermos prisioneiros de nossas “zonas
de conforto” e segurança! Atenção para não nos tornarmos permissivos e
acomodados!
O medo é um
alerta! Atenção para ele: o momento é de perigo real ou apenas uma distorção de
minha mente? É preciso firmeza e
perseverança para fazer a minha parte, a minha “lição de casa”, não viajar nas
hipóteses, buscar sempre a lucidez do real que se apresenta. É preciso o bom senso e a energia de nossa
dimensão espiritual. E é preciso perseverança e boa vontade para buscar sempre
essa conexão.
Essa é minha responsabilidade!