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sábado, 31 de maio de 2014

Do eu ao EU


Num processo contínuo de evolução tivemos um corpo físico regido por instintos que garantiam nossa sobrevivência física e de nossa espécie. Instintos que ficaram gravados nas partes mais profundas do nosso corpo e nos tornaram aptos a disputas por alimentos, sexo e poder!

Mais tarde tornamo-nos um Ser Racional, desenvolvemos uma mente capaz de pensar! Continuamos, no entanto, utilizando esse novo potencial, inteligente/intelectual, para lutar de forma mais sofisticada, letal, “moderna”, tecnológica... pelos mesmos objetivos primitivos: mais alimentos, mais prazer/sexo, mais poder/status, mais, mais ... Viajamos milênios pelo tempo, pela história do Homem, e nos vemos lutando pelos mesmos objetivos, apenas mais sofisticados em instrumentos, armas e gostos! Criamos um mundo de força, totalmente voltado para a defesa e ataque pelos nossos interesses, entre pessoas e nações. Habitantes desse mundo, cada um de nós desenvolveu um corpo/mente, um Ego, um eu inferior, básico, racional, inteligente, ensinado, perfeitamente adaptado a essa realidade competitiva, comparativa, de lutas, disputas, defesas e ataques... E, confusos, assustados, reconhecemos que não somos felizes!

            Mas esse não é o fim de nossa linha evolutiva! Para onde vamos? Como caminharemos? E a felicidade?
Finalmente, estamos descobrindo o que já nos foi, tantas vezes, revelado por Enviados Especiais, mas não estivemos atentos!
Somos mais do que corpo/mente! Somos seres espirituais! Temos uma dimensão espiritual/amorosa! Temos um Eu Superior, centelha de um PODER SUPERIOR...

Essa é a nossa dimensão definitiva e é ela que, finalmente, deve passar a orientar/cuidar de nosso corpo e de nosso ego/mente. Nossa Dimensão Espiritual é a dimensão que pode nos trazer felicidade – mais do que somente prazer e poder.
Somente ela pode nos levar adiante e nos libertar das lutas, dos conflitos, da violência, do desamor, da carência de alegria... Só ela pode nos livrar da compulsão de perseguir prazeres fugazes e da necessidade de vencer, de ser mais... Só ela pode nos livrar da agonia de fugir de derrotas, humilhações, de nos sentir menos... Só ela pode aceitar com compaixão nosso mundo interior, tão negado e “culpado/vergonhoso”... Só ela pode nos fazer entender, aceitar, educar e transformar esse nosso ego tão aguerrido!  Só ela, com paciência amorosa, pode estar atenta ao nosso modo de ser/estar egóico ( de agressão/reação/defesa) e nos redirecionar para um viver mais amigo, alegre, cordial, solidário... conosco mesmos e com os outros.

            Preciso me entregar mais à influência generosa de minha Luz Interior. Preciso buscar ouvi-La, buscar sintonia com a Luz Maior, que a alimenta.
Nesse processo de educação/transformação do meu ego, buscando uma nova meta, que troca competição por cooperação, preciso ter cuidado com o tipo de informação com que insisto em nutrir esse ego através das mídias competitivas que o têm formado até hoje. Na quero permitir que pensamentos recorrentes de revide, inveja, disputa, comparações... retroalimentem  sentimentos de raiva, mágoa, despeito, culpa, vergonha... e atitudes de luta, em meu ego, ainda tão dividido e confuso.


            Meu eu inferior/ego, ainda balança, a cada momento, ante um condicionamento ancestral, milenar, de lutas e violência e um novo horizonte, amoroso, doce, feliz... Cabe a mim acolhê-lo com meu Eu Superior e docemente, pacientemente, integrá-lo a seu destino de MENTE/LUZ!

segunda-feira, 26 de maio de 2014

VOLTAR !?


            Éramos tão apaixonados! Éramos tão apegados! Éramos um do outro!

Mas, com medo de nos perdermos, quisemos controlar e modificar um ao outro para garantirmos nosso lugar, nosso poder, nossa importância, nossa razão... Passamos a nos vigiar, “orientar”, criticar, cobrar, disfarçar... E nos irritamos, nos magoamos, nos decepcionamos... Tivemos medo, cada vez mais medo e ficamos inseguros, desconfiados, agressivos... E nos desculpamos, muitas vezes, vezes demais. Voltamos “às boas”, cheios de vontade de voltar a nos entregar àquela relação apaixonada, embora nada, realmente, nos tivéssemos modificado... Ainda queríamos modificar o outro!

A cada crise, a cada dissabor, a cada desilusão, fomos nos encolhendo. Não querendo nos deixar machucar, fomos, aos poucos, nos tornando rígidos e defensivos. Aprendemos a “botar gelo” nas ranhuras de nosso coração e, assim, repetidamente esse gelo foi-se solidificando, nos “concretando” e, finalmente, nos descobrimos a salvo de dores, mas prisioneiros de nossas defesas. Nosso coração se fechou para aquela relação e ela se tornou espinhosa, seca, rígida, amarga, fria, distante... Nem doía mais!

Mas não é isso que queremos ou precisamos! Queremos um viver mais próximo, mais docemente próximo das pessoas que amamos ou que, no passado, amávamos!  

Como aceitar sem raiva e mágoa o fim das paixões e fantasias?Como me liberar para amar? Como conseguir “re-sentir” a doçura de amar? Como me degelar e desarmar para amar? Como, sequer, querer me arriscar a voltar desse distanciamento seguro? Como lidar com o meu medo, com a minha insegurança? Como fazer para voltar a sentir a simples doçura de me relacionar com ternura, com carinho e em paz?

Não posso recriar o passado bom que desfrutamos, nem modificar o passado aguerrido e confuso que nos afastou. Só posso aceitá-lo como uma realidade que se foi. Mas posso tentar entender meus papéis naquele filme antigo. Posso também refletir com que crenças equivocadas eu desempenhei meus papéis naquela relação e que expectativas ideais, perfeccionistas eu exigi de mim e do outro. Crenças que me levaram ao “direito” de cobrar, julgar, condenar, me afastar...

No presente, agora, a cada momento, posso olhar para esse Outro como uma pessoa diferente de mim e de minhas idealizações. Uma pessoa com suas mágoas, frustrações, medos, inseguranças e, também, defendido e distante. Preciso sempre lembrar que não posso modificá-lo, não posso fazê-lo voltar a ficar mais próximo, a sequer desejar a proximidade que eu desejo! Só posso modificar o meu modo de Ser e Estar na relação. Posso escolher guardar um espaço entre nós livre de invasões, provocações, insinuações... Posso escolher palpitar menos e sorrir mais... Posso escolher estar mais próxima, amigável, gentil, cordial...

            O caminho de volta, não ao passado, mas ao Outro de quem me distanciei, pode ser longo, com acertos e desacertos, e requer paciência, perseverança e boa vontade comigo! Mas vale a pena, porque vou em direção ao que busco para mim: uma relação mais respeitosa, mais terna, mais leve, mais saborosa... pelo menos para mim!

quarta-feira, 21 de maio de 2014

DESCONTROLE DA PRÓPRIA VIDA


            É o que nos acontece quando tentamos controlar o impossível – o Outro.  Com a “necessidade” angustiada de proteger nossa vida de perdas e garantir ganhos (materiais, afetivos, psicológicos), lançamo-nos com toda energia e determinação na tentativa de controle das coisas e de pessoas – pessoas tão queridas que se tornaram as “coisas” mais importantes de nossas vidas!

            Quanto mais acredito que posso e devo garantir o “melhor” para eles, mais me dedico a tentar controlá-los. Essa “luta sagrada”, e perdida, essa “missão impossível”, certamente acaba por levar ao desgaste de energia e da relação, ao desespero, à desesperança, à depressão... Descontrolados, perdemos a capacidade de pensar diferente, de escolher outras possibilidades, outros caminhos, de enxergar outras pessoas e relações.
Com a mente descontrolada, ficamos ao sabor de sentimentos agoniados e recorrentes que nos arrastam, nos martirizam e nos levam a atitudes também descontroladas.
Isto é o descontrole de mim, do meu mundo interior, de minha própria vida!

            Na verdade, esse descontrole é conseqüência de um pensar hipnotizado pela crença, pela “certeza”, que posso, e devo, controlar o incontrolável – o Outro – (qualquer outro) ligado a mim por laços afetivos ou mesmo de poder.
Acreditamos que quaisquer meios são válidos e necessários para seduzir, prender, convencer, salvar, orientar, controlar e modificar - todos aqueles que amamos ou que nos foram confiados pelos papéis familiares.
Para isso tentamos fazê-los pensar como nós, tentamos adivinhar e censurar seus sentimentos e direcionar seus passos... Facilitamos compulsivamente seus caminhos, mesmo nos vitimando, mentimos, acreditamos em mentiras, manipulamos, nos deixamos manipular, brigamos, cobramos, agredimos, magoamos, nos magoamos, nos ressentimos, adoecemos, enlouquecemos...
Já não vivemos como queríamos, não conseguimos sorrir com alegria... Somos reféns de um medo contínuo por pressentirmos, em algum nível, que falharemos nessa luta inglória... Isto é o descontrole da própria vida!
Descontrole que tanta dor nos causa e cada vez mais nos afasta daqueles que amamos e tentamos controlar!

            Precisamos, todos, ser livres. Livres para sermos quem somos, do modo que somos. Livres para pensar, sentir, agir... Livres para errar, aprender, acertar...
 - preciso me libertar da obsessão/compulsão de cumprir essa missão absurda de controle, que me foi passada “e eu acreditei”!
 - preciso acreditar que não tenho o poder de modificar ninguém, sou impotente para isso (1ºPasso), em quaisquer situações, mesmo em questões menores, mesmo por amor!
 - preciso entender que sempre que tento controlar o Outro, me frustro, perco o foco de mim mesmo e acabo por me descontrolar, sofrer, ficar só...

            Descontrole é o que nos acontece quando tentamos não perder o controle que, realmente, nunca tivemos – do Outro. É quando nos desviamos e abrimos mão do que nos é realmente possível e de nossa responsabilidade: Cuidar da própria vida!

sexta-feira, 16 de maio de 2014

ENFIM ME REVELANDO - 4º e 5º Passos


          Quando passei a acreditar que o caminho para desatar as amarras internas (crenças/sentimentos/comportamentos) que me mantém acorrentada a tantas lutas, expectativas, desamor... só podia ser trilhado por mim mesma, comecei a, timidamente, olhar para meu mundo interior.

Mas, querer descobri-las e encará-las é bem difícil! Significa olhar por baixo das máscaras com que enganamos o mundo e que acabam por nos enganar também. Significa fazer o que jamais fiz – olhar para mim com honestidade, sem justificativas, sem me defender, sem me martirizar, sem me crucificar. Como é tentador fugir à responsabilidade de minhas escolhas e como é difícil não transformá-las na prisão do remorso ou me abater pela vergonha!

Nesse caminho “Aceitação é a Solução”! Preciso aceitar, sem me deter em lutas infindas, o que fui e o que ainda sou. Esse é o olhar que preciso ter para continuar e me libertar...

Existe à minha disposição um Outro Olhar que me acompanha, que me sonda todo o tempo com Verdade e Amor. Posso sempre recorrer a Esse Olhar, desde que me solte das certezas, da vaidade e do orgulho, da minha mente egóica e procure com Ele sintonizar, com Humildade e Entrega, através da minha Consciência Espiritual, da minha Boa Vontade.

Existem também outras falas, humanas, de iguais, que podem me ajudar neste desbravar interior. Se me desarmar, se mantiver meu coração em paz e minha Mente Aberta, poderei descobrir, através dessas falas, atalhos importantes para chegar às minhas amarras.

Nesse processo, começo enfim a desvendar “segredos de mim”.
Não posso e não quero mais mantê-los escondidos. Preciso me libertar do peso de tudo isso. Mas para isso preciso aceitá-los, confiar e compartilhá-los, ir deixando-os sair...!

            A confiança necessária nasce na atenção constante e amorosa que tenho comigo mesma e no compartilhar contínuo com Deus e com os companheiros. Estamos nos tornando íntimos e eu, confiante, descubro então a coragem necessária para admitir tudo que escondi de mim.

            Admitir para mim o meu mundo interior, principalmente quando “desumano” e “vergonhoso”, embora tão humano, representa o início da Aceitação. Agora quero arejar, clarear, tirar da “sombra” e encarar, aspectos de mim que me agoniam e defeitos de caráter que me retardam o caminhar. Preciso dizer quem fui e quem ainda sou, até onde, “só por Hoje”, consigo me enxergar. Preciso trazer Verdade a mim mesma e dar voz a quem sou!  Esse olhar sem culpa, mas com desejo de mudar, me impele, me encoraja a me revelar!
Admitir para Deus o que ele já sabia de mim me levou a uma maior proximidade com Ele...
Admitir para outro ser humano a minha humanidade é um momento de grande coragem, lealdade a mim, de confiança... Eu me revelo me desnudando a cada depoimento compartilhado.

            A Revelação é um instante mágico e pleno de espiritualidade. Estão presentes: a Verdade, a Coragem, a auto-Aceitação, auto Respeito, a Alegria da Liberdade... É também espiritual e tão bonito o silêncio respeitoso de quem ouve com aceitação, sem julgar... É bonito o silêncio de quem acolhe a confiança em si depositada por um outro, ao  se revelar tão sinceramente. É tudo tão bonito! E isso é o que acontece ao caminharmos com esses  Passos sugeridos...

domingo, 11 de maio de 2014

MÃES TAMBÉM PASSAM...


         “Somos passantes, somos seres de passagem...” Acho isso tão bonito e verdadeiro que repito sempre, principalmente para mim. Preciso lembrar-me sempre disso! Estou só de passagem aqui e as pessoas que povoam minha vida também! De um lugar, viemos. Um dia chegamos, um dia partimos, em outro lugar chegamos...
Caminhamos, nessa eterna passagem, buscando sorrir, ser feliz, tantas vezes chorando, zangando, aprendendo (às vezes a contragosto), nos conformando ou finalmente entendendo e aceitando o processo da vida.

            No desempenho de nossos papéis, também passamos nos modificando, nos adaptando, nos reinventando, imprimindo nosso estilo único de seres únicos - como filhos, irmãos, amigos, amantes, pais e Mães...

Alguns de nossos papéis em família são especialmente intensos em Amor. Como filhos, mesmo quando adultos, teimamos em nos sentir meninos (filhos/irmãos) junto aos pais. Gostamos de poder desfrutar, de novo e sempre, a segurança da companhia e presença de nossos pais e o aconchego, os mimos tolos e tão gostosos, mesmo quando invasivos e “sem noção”, de nossas Mães. Nós nos zangamos, fazemos “má-criação”, mas nos sentimos importantes, aquecidos pelo seu amor.
E quando nos tornamos pais e Mães, descobrimo-nos aprisionados na delícia e agonia desse amor tão especial!

            São laços tão intensos que se mantêm, eu acredito, para sempre...
Mas, ainda assim, nessa experiência atual, nós e nossas Mães estamos apenas passando pela vida e pela história uns dos outros.

Um dia, tristemente, somos confrontados com essa realidade: as Mães também são seres de passagem! Passam por nossas vidas deixando lembranças, exemplos, saberes e sabedorias... Deixam um rastro inesquecível de doçura que nos aquece, nos conforta e encoraja, nos momentos difíceis de nossos desafios. Elas nos deixam a certeza que ninguém, nem nossos amantes ou paixões, nem mesmo nossos filhos, ninguém temeu tanto por nós, ninguém nos valorizou tanto assim, ninguém nos terá amado de forma tão incondicional e intensa!

            As mães podem estar fisicamente longe, mas em sua passagem por nossas vidas elas criam um paradoxo – passam com tanto amor, que ficam para sempre em nós – tornam-se eternas!


terça-feira, 6 de maio de 2014

SOBRIEDADE


         Quando abri mão dos “calços” que me sustentavam, premida pela necessidade de me livrar da dor e do horror ao sentir que eles me acorrentavam e afundavam cada vez mais, tomei consciência que todas as dificuldades, os meus desequilíbrios, interiores e anteriores, continuavam comigo! Tirei minhas escoras, mas como então me equilibrar? Abstinência pura e simples, sem a busca dessas resoluções internas, certamente me levaria a buscar novas escoras, novos disfarces, novas dependências, porque ainda era a mesma pessoa confusa e fragilizada que não aprendera a caminhar.

            Precisava sentir uma força diferente, amorosa e respeitosa, que me acompanhasse até que eu conseguisse tomar pé e me erguesse para uma nova vida. Entendi que “Só eu posso fazer a minha caminhada, mas não posso sozinha!” Entendi que precisava da força que me era oferecida por um Poder Superior, presente em mim e no respeito amoroso de meus companheiros. Agarrei-me a essa força generosa e consegui desfrutar daquela calmaria depois de tantas tempestades. Mas, finalmente, entendi que, já refeita, não devia ficar ali acomodada (e encalhada!) ainda que, já agora, em águas mansas. Precisava continuar...

            Todas as crenças equivocadas que me coagiam e me mantinham acorrentada na agonia de cumpri-las, meus sentimentos tão dolorosos, desconhecidos ou amordaçados, as atitudes de agressão e/ou submissão, a baixa auto-imagem... Tudo continuava comigo e doía ainda mais porque estava em abstinência de meus aditivos/anestésicos! Precisava cuidar de mim e a saída era buscar também nutrição e força em Minha Própria Fonte! Precisava continuar...

            Minha Luz Interior, tão escondida e bloqueada, ainda assim, me impelia a seguir em busca da liberdade e da alegria de uma Luz Maior.
A abstinência nos livra dos monstros que nos acorrentam aos porões escuros de nós mesmos, mas só nosso esforço e nossa boa vontade poderão abrir os cadeados dessas prisões interiores. Como “Portadores da Luz”, somos impelidos a seguir, a buscar sempre a libertação, a buscar a Sobriedade.

            Mas, o que é estar sóbrio?
Ser e Estar sóbrio NÃO É estar sério, carrancudo, mal humorado, arrogante, controlador, vaidoso de um saber puramente intelectual, em abstinência total de quaisquer prazeres ou alegrias naturais e humanas, dono de uma “virtude” seca e murcha, distante de sua humanidade e da humanidade das pessoas...
Também NÃO É o estado de euforia, do prazer físico/psicológico/afetivo  exagerado ao desfrutar de sua materialidade no mundo!

            Sobriedade é um estado de equilíbrio, de temperança, de sanidade, que nos traz serenidade e tranqüilidade... mesmo nos momentos de dor ante os desafios da vida.
 A busca contínua de nossa sobriedade passa pela reformulação de crenças que nos cobram impossibilidades, pela escuta e pela capacidade de dar voz aos nossos sentimentos, pelas mudanças de comportamentos. Passa também pela humildade de poder ouvir e sempre aprender, pelo cultivo da auto-responsabilidade e auto-respeito. Passa pela descoberta da compaixão, da generosidade, da verdade, da solidariedade...

No exercício perseverante desses valores espirituais vamos conseguindo desfrutar nossa materialidade sem prisões, compulsões e agonias e avançar para o Despertar de nossa Espiritualidade. Já então, a nós, não basta a sobrevida, porque nos deslumbramos com a descoberta de um novo sentido para a Vida!

 Sobriedade é a serena simplicidade que nos conduz à felicidade.


quinta-feira, 1 de maio de 2014

ABSTINÊNCIA I


           Fomos ensinados a acreditar que o sentido da vida seria o gozo dos prazeres físicos (saúde, sexo, comida...) e dos prazeres afetivos e psicológicos (amores apegados, sucesso, prestígio, dinheiro, vitórias...). Vivemos, por isso, voltados para fora, buscando-os no mundo, acreditando que ele poderia nos completar e acrescentar os “a mais”. Ficamos também atentos para que esse mundo não nos quisesse tirar tudo isso! E nossa vida tornou-se uma luta constante que nos traz algumas alegrias e ganhos (temporários), mas nos mantém sob pressão constante, nos abate, nos desgasta... Em alguns momentos (e para alguns) essa luta leva ao desespero, à desesperança, à depressão, à doença física, mental e emocional!

            Tentando sobreviver, tentando resistir à dor de nossas frustrações na busca da “felicidade”, sentindo-nos carentes, ineficientes, com auto-estima baixa, buscamos, ainda no mundo, gozos extras, aditivos ou anestesias...São nossas “muletas” e tornamo-nos delas dependentes: de químicos, de pessoas, de jogos, de sexo... Mas, e quando essas muletas se tornam ainda mais nocivas e prejudiciais, trazendo desespero ainda maior? Quando elas nos fazem perder o mínimo controle de nós mesmos? Quando acabam nos trazendo mais dor, quando nos fazem sentir que estamos morrendo em todas as nossas dimensões?

 Finalmente somos confrontados com a realidade de que aquilo em que nos apoiávamos como solução externa, agora nos negava segurança e prazer, nos agredia, nos fazia mal, não nos completava... Finalmente entendemos que precisamos nos abster, deixar, largar... tudo e todos que nos “muletavam”, mas que nos aprisionavam, que nos faziam acreditar que éramos incapazes de caminhar...

Abstinência é isso! É a escolha por mim! É acreditar que preciso, devo, quero e posso aprender a cuidar de mim, a escolher o que é melhor para mim, a me abster do que é pior! É a escolha pela sobrevida, quando já apenas me arrastava com a companhia da angústia, com a promessa da morte, e de mais dor...

Mas a abstinência é só a primeira atitude! Ela faz parte de um processo maior de crescimento, conscientização e de auto-responsabilidade! Como continuar sem os calços, os aditivos, as muletas? Como seguir adiante, superar os medos, as carências, o vazio, as crenças que originaram tanta dor? Como ir da sobrevida em direção à Vida? Onde buscar forças, orientação, esperança, equilíbrio, sanidade...? Como continuar na conquista da Sobriedade?                                                                                                                                                                           Continua...