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quinta-feira, 1 de maio de 2014

ABSTINÊNCIA I


           Fomos ensinados a acreditar que o sentido da vida seria o gozo dos prazeres físicos (saúde, sexo, comida...) e dos prazeres afetivos e psicológicos (amores apegados, sucesso, prestígio, dinheiro, vitórias...). Vivemos, por isso, voltados para fora, buscando-os no mundo, acreditando que ele poderia nos completar e acrescentar os “a mais”. Ficamos também atentos para que esse mundo não nos quisesse tirar tudo isso! E nossa vida tornou-se uma luta constante que nos traz algumas alegrias e ganhos (temporários), mas nos mantém sob pressão constante, nos abate, nos desgasta... Em alguns momentos (e para alguns) essa luta leva ao desespero, à desesperança, à depressão, à doença física, mental e emocional!

            Tentando sobreviver, tentando resistir à dor de nossas frustrações na busca da “felicidade”, sentindo-nos carentes, ineficientes, com auto-estima baixa, buscamos, ainda no mundo, gozos extras, aditivos ou anestesias...São nossas “muletas” e tornamo-nos delas dependentes: de químicos, de pessoas, de jogos, de sexo... Mas, e quando essas muletas se tornam ainda mais nocivas e prejudiciais, trazendo desespero ainda maior? Quando elas nos fazem perder o mínimo controle de nós mesmos? Quando acabam nos trazendo mais dor, quando nos fazem sentir que estamos morrendo em todas as nossas dimensões?

 Finalmente somos confrontados com a realidade de que aquilo em que nos apoiávamos como solução externa, agora nos negava segurança e prazer, nos agredia, nos fazia mal, não nos completava... Finalmente entendemos que precisamos nos abster, deixar, largar... tudo e todos que nos “muletavam”, mas que nos aprisionavam, que nos faziam acreditar que éramos incapazes de caminhar...

Abstinência é isso! É a escolha por mim! É acreditar que preciso, devo, quero e posso aprender a cuidar de mim, a escolher o que é melhor para mim, a me abster do que é pior! É a escolha pela sobrevida, quando já apenas me arrastava com a companhia da angústia, com a promessa da morte, e de mais dor...

Mas a abstinência é só a primeira atitude! Ela faz parte de um processo maior de crescimento, conscientização e de auto-responsabilidade! Como continuar sem os calços, os aditivos, as muletas? Como seguir adiante, superar os medos, as carências, o vazio, as crenças que originaram tanta dor? Como ir da sobrevida em direção à Vida? Onde buscar forças, orientação, esperança, equilíbrio, sanidade...? Como continuar na conquista da Sobriedade?                                                                                                                                                                           Continua...