Fomos ensinados a acreditar que o sentido da vida seria o
gozo dos prazeres físicos (saúde, sexo, comida...) e dos prazeres afetivos e psicológicos
(amores apegados, sucesso, prestígio, dinheiro, vitórias...). Vivemos, por
isso, voltados para fora, buscando-os no mundo, acreditando que ele poderia nos
completar e acrescentar os “a mais”. Ficamos também atentos para que esse mundo
não nos quisesse tirar tudo isso! E nossa vida tornou-se uma luta constante que
nos traz algumas alegrias e ganhos (temporários), mas nos mantém sob pressão
constante, nos abate, nos desgasta... Em alguns momentos (e para alguns) essa
luta leva ao desespero, à desesperança, à depressão, à doença física, mental e
emocional!
Tentando
sobreviver, tentando resistir à dor de nossas frustrações na busca da
“felicidade”, sentindo-nos carentes, ineficientes, com auto-estima baixa,
buscamos, ainda no mundo, gozos extras, aditivos ou anestesias...São nossas “muletas”
e tornamo-nos delas dependentes: de químicos, de pessoas, de jogos, de sexo...
Mas, e quando essas muletas se tornam ainda mais nocivas e prejudiciais,
trazendo desespero ainda maior? Quando elas nos fazem perder o mínimo controle
de nós mesmos? Quando acabam nos trazendo mais dor, quando nos fazem sentir que
estamos morrendo em todas as nossas dimensões?
Finalmente somos confrontados com a realidade
de que aquilo em que nos apoiávamos como solução externa, agora nos negava
segurança e prazer, nos agredia, nos fazia mal, não nos completava...
Finalmente entendemos que precisamos nos abster, deixar, largar... tudo e todos
que nos “muletavam”, mas que nos aprisionavam, que nos faziam acreditar que
éramos incapazes de caminhar...
Abstinência é isso! É a escolha por mim! É acreditar que preciso, devo,
quero e posso aprender a cuidar de mim, a escolher o que é melhor para mim, a
me abster do que é pior! É a escolha pela sobrevida, quando já apenas me
arrastava com a companhia da angústia, com a promessa da morte, e de mais
dor...
Mas a abstinência é só a primeira
atitude! Ela faz parte de um processo maior de crescimento, conscientização e
de auto-responsabilidade! Como continuar sem os calços, os aditivos, as
muletas? Como seguir adiante, superar os medos, as carências, o vazio, as
crenças que originaram tanta dor? Como ir da sobrevida em direção à Vida? Onde
buscar forças, orientação, esperança, equilíbrio, sanidade...? Como continuar
na conquista da Sobriedade? Continua...