As comparações fazem parte do modo torto de nos
relacionarmos, de nos vermos, de nos avaliarmos. Somos únicos e diferentes, mas fomos condicionados a sempre nos
compararmos e sermos comparados.
As comparações estão intrinsecamente ligadas às competições,
às disputas. São instrumentos de avaliação para defesa e ataque nos eternos
jogos do ego.
Medimos
nosso valor pelo valor dos outros. Não sabemos realmente quem somos ou o que
podemos. Precisamos que os outros falhem ou percam, para nos sentirmos fortes e
vencedores... nos amores, nos esportes, no trabalho, nos dons/dotes e até nos
pecados e nas virtudes!
Nessa
comparação constante, se somos vencedores, sentimo-nos arrogantes, vaidosos,
orgulhosos, ainda que às vezes disfarçadamente, ainda que com um medo
igualmente constante de encontrarmos alguém ainda melhor que nos suplante.
Se somos
perdedores na comparação, nos sentimos pequenos, pobres, menos merecedores... E
sentimos vergonha, despeito...
A inveja nos toma trazendo mais raiva, irritação contra os
“inocentes supostos adversários”, mesmo sem dizer, ainda que somente numa
disputa mental... “Está pensando que é mais, que é melhor ?”
Talvez até seja, mas o problema é que não gostamos de ser
menos ou piores!
Enquanto
nos compararmos sempre seremos melhores ou piores que os outros, estaremos
sempre lutando para sermos vencedores ou não sermos perdedores. Estaremos
sempre competindo, lutando, disputando... Não conheceremos ou poderemos
usufruir da tranqüilidade e gostosura de estarmos juntos, curtindo quem somos,
admirando o que outros são, desfrutando da riqueza dos encontros...
Esse é um
imenso desafio! Tentar olhar o mundo sem a preocupação de comparar, sem a
angústia de disputar. Olhar o mundo, suas novidades e diferenças, com curiosidade,
análise e aprendizado. Talvez só possamos ir conseguindo isso na medida em que
estejamos ocupados nos olhando, nos analisando, nos avaliando, nos curtindo e
descobrindo como podemos nos melhorar em quaisquer aspectos de nossa vida. É um
exercício libertador, mas que nos pede perseverança e paciência conosco! Vou
lembrar, para deixar de comparar:
- “Eu sou eu e as minhas circunstâncias”... e
os outros, também!