Não tivemos uma criação orientada para desenvolvermos uma
relação amorosa conosco mesmos, para construirmos uma boa auto-estima!
A natureza,
sim, nos dotou de instintos que nos garantem uma forte capacidade de auto
preservação. Nosso corpo tende a nos defender nos alertando para os perigos.
Ele grita, dói, pedindo nossa atenção para nos cuidarmos melhor... Nós é que o
ignoramos, damos-lhe um “cala boca” químico e vamos em frente...
Tudo porque
nossa mente não foi ensinada a direcionar essa atenção para nós mesmos – para nosso
corpo, para nossos sentimentos, para nossa espiritualidade. Não aprendemos a
nos olhar e cuidar, porque toda nossa atenção e esforço deveriam estar a
serviço de buscarmos amor e aprovação do mundo à nossa volta. Aprendemos, dessa
forma, vários papéis que deveríamos desempenhar com perfeição para sermos
valorizados e amados.
Tínhamos muito medo de falharmos e decepcionarmos...
Precisávamos “mostrar serviço”, sermos bons, os melhores, a qualquer preço,
mesmo que a custa de sacrifícios físicos e emocionais! Nosso corpo deveria se
adequar ao aplauso e nossas emoções precisavam passar pelo crivo das
expectativas dos outros. As não aceitáveis deveriam ser disfarçadas,
amordaçadas, para que não corrêssemos o risco de sermos rejeitados,
desprezados... As emoções “recomendáveis e desejáveis” deveriam ser exibidas,
expressas, em nossas máscaras, mesmo que não fossem reais!
Nesse
baile, nos obrigamos a usar variadas máscaras, conforme nossas “necessidades”,
nossos medos. Mesmo os que optaram por disfarces de orgulho, arrogantes, vaidosos,
prepotentes, presunçosos, buscando prestígio, poder, querendo parecer fortes,
vencedores, superiores - mesmo eles também demonstram a necessidade de
“parecer”, tentam esconder o medo e a necessidade angustiada de serem
valorizados. O custo em energia para nos mantermos “fantasiados” do que não
somos é imenso!
E o benefício nas relações é irreal,
pois as construímos na areia! Quem sou eu e quem é o outro? Preocupados em não
estragar nossas fantasias, nos comunicando com manipulações, “meias verdades”,
“mentiras por amor ou necessidade”, dizendo o que o outro quer ouvir, falando
para “nos eleger”... perdemos a espontaneidade! Aprendemos a “engolir sapos”
para não desagradar. Tememos falar,
dizer nossas verdades (sentimentos, idéias...) também para não desagradar... E
nos deixamos invadir, desrespeitar, principalmente pelos que mais amamos... só
para agradar! Sofremos tanto e nem ao menos recebemos o que tanto buscamos:
valorização e amor verdadeiros.
É isso! Não
fomos criados para nos conhecer, nos amar! Fomos adestrados e orientados para
buscar sempre o amor e a valorização de fora.
Ainda estamos focados no mundo. Não nos vemos, não nos
escutamos, não nos respeitamos, não nos cuidamos, não nos valorizamos, não nos
amamos... Ainda estamos esperando que os outros façam por nós, para nós! Não
sabemos o que é essa tal de auto-estima. Temos, quase todos, em maior ou menor
grau, uma baixa auto-estima.
Continua...