O dependente químico faz parte da família! Ele é um membro
do grupo como outro qualquer! Perdeu-se essa noção ao longo das lutas dentro da
família. Ficou a sensação de que estavam em lados opostos, numa eterna luta pelo
controle daquele familiar que estava em perigo, que colocava todos sob
constante sentimento de medo, culpa, raiva, frustração, mágoa... que expunha a
Família à vergonha!
O dependente químico já não
conseguia “viver” sem o aditivo químico e a Família acreditava que, Por Amor,
tinha o poder e o dever de salvá-lo.
A comunicação distorcida fornecia as armas para essa “missão santa” –
cobranças, agressões, mentiras, manipulações... E todas eram usadas e abusadas!
E cada vez mais se machucavam, e foram se afastando...
Um dia, premido por uma dor maior
e pela graça de Deus, o dependente químico entra “em recuperação”. Mas,
recuperação de que? Do passado, de tudo que foram juntos? Não se iludam, não se
recupera o passado! Ele passou! E nem tinha dado certo, afinal! Mas é possível
recuperar o controle da própria vida, da capacidade de fazer as próprias escolhas,
talvez de cuidar de outra forma das relações tão machucadas.
Toda família para recuperar sua
função de “nidar”, para recuperar sua “sanidade”, precisa, também, mudar. O dependente químico precisa acreditar e
reforçar novas crenças (e os outros membros, também):
“sou um ser único, com dons e destino único.
Faço parte, mas não sou parte, não sou um pedaço da família; tenho uma direção
e história própria. Preciso aprender, antes de tudo, a me auto responsabilizar,
a me respeitar, a me cuidar!”
“preciso buscar, com firmeza e
paciência, um novo papel nessa organização familiar. Preciso estabelecer
limites claros e respeitar os dos outros – isto é assertividade.”
“preciso buscar um novo modo de
me comunicar, com honestidade. Dizer do meu momento, das minhas prioridades, do
meu amor independente.”
Atenção! Recaídas nas relações, a
volta aos velhos maus hábitos de facilitação, dependência e cobrança, podem
trazer recaídas maiores! Atenção e firmeza com outros membros que não estejam
“em recuperação”, que não tenham mudado suas crenças e atitudes. Eles ainda não
podem entender as mudanças do dependente químico na relação! Paciência,
compreensão, compaixão... mas atenção e
assertividade.. Atenção com cobranças! Familiares “paralisados” tendem a
tentar arrastar o dependente químico para seu passado “errado” e paralisá-lo
pela culpa. Eles ainda não sabem se relacionar no presente, no Só por hoje,
ainda estão congelados na dor, na mágoa, na prepotência...
Atenção! Você e eles estão juntos
nessa Família. Um Poder Maior apostou que seria importante para o crescimento
de vocês tudo que viveram e o que podem ainda viver juntos. Depende de cada um!
Mas sua vida é sua! Cuide dela em
primeiro lugar, com carinho, alegria e bom humor! E seja feliz, “às suas custas”!