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terça-feira, 6 de novembro de 2012

O MELHOR QUE SE PÔDE



               Um dia, fui a um cemitério acompanhando alguns familiares em visita “de rotina” à sepulturas de parentes. Ao caminhar olhando os túmulos, lendo dizeres de homenagem e saudades nas lápides, fui sendo tomada pela energia do passado, de vidas de outrora, daquelas pessoas que existiram por aqui deixando suas marcas, mais fundas ou mais leves, longas ou ligeiras, mas certamente fortes nos corações daqueles que os amaram. Chegamos a um pequeno túmulo, onde estavam recolhidos os ossos de antepassados dos quais eu ouvira falar, ouvira pedaços de suas histórias. Talvez pela isenção que a distância no tempo nos traz, sem a força da memória e das dores mais recentes interferindo nos julgamentos, pude, de repente, me dar conta de que aqueles nomes representavam pessoas que por aqui estiveram marcando suas presenças com seus sonhos, suas crenças, ilusões e desilusões, suas atitudes, suas lutas, seus sentimentos quase sempre negados e escondidos, buscando acertar, querendo dar certo e tantas vezes errando, falhando... Mas todas querendo ser felizes!
           
            Eu me emocionei, e ainda me emociono, numa atitude reverente ante aqueles nomes do passado porque entendi, senti, que cada um deles fez o melhor que pôde, o melhor que conseguiu fazer, certo ou errado!
Entendi que todos nós, desde o mais remoto passado da História até hoje, todos nós, estamos vivendo e dando à Vida o melhor que podemos, que conseguimos! Acertando, errando, sendo muito bons ou muito maus, amorosos ou odiosos, gentis ou brutos... sendo o que formos, estamos sendo o melhor que conseguimos naquele momento! As conseqüências, os frutos bons ou maus do que fomos, colheremos certamente depois, mas naquele momento, foi o que se pôde!

            Não adianta nos crucificarmos, ou aos outros, pelo mal que fizemos, pelo bem que não conseguimos fazer. Se fomos pequenos, mesquinhos, covardes, se erramos mesmo sabendo que deveríamos fazer diferente, ainda assim, esse foi o nosso tamanho naquela circunstância, fomos o que pudemos ser. Acho importante ter essa percepção do processo de nós todos e poder aceitar, mesmo com dor e até horror, os erros e fracassos do passado para poder perdoar o que fui e aceitar a responsabilidade de tentar, agora, ser melhor, mudar o que puder. É muito importante tentar olhar os Outros e seus erros, passados e presentes, com essa mesma compreensão.

            Na vida de relação, em quaisquer relações, mais próximas e na sociedade, precisamos aprender a estabelecer e respeitar limites, fazer acatar as regras sociais e não aceitar comportamentos destrutivos, maldosos, agressivos.  Mas não posso acalentar a noção de que o Outro é irremediavelmente mau! Temos, todos, a mesma Origem! Ele está revelando apenas o seu tamanho, o que, nesse momento, ele Pode. Não adianta eu me magoar ou me horrorizar, porque isto é o que ele pode, é o que ele consegue ser – agora. A sociedade pode e deve cercear suas atitudes, mas não desprezá-lo!

            A Vida é um continuum maravilhoso em direção ao Melhor. Temos, todos, a oportunidade de estar tentando, com erros e acertos, de recomeçar a todo momento, mudando, nos transformando. Estamos todos nesta jornada, caminhando, Um dia de cada Vez, como podemos.
Um Poder Superior, pleno de Amor e Sabedoria, entende o que ainda somos e podemos e, paciente, amoroso e firme, aguarda o tempo de cada um de nós.